A mulher entrou na sala. Sentou-se. Os seus dedos percorreram, ágeis, as teclas brancas e pretas de um piano escuro. Com o seu sucesso pendente nas bocas dos críticos, foi impossível dizer se correra bem ou mal. Voltaria lá, ao fim de duas semanas.
De facto, na segunda vez, cometeu um ligeiro engano. Não fora coisa grave. Erros, no fim de contas, todos cometemos. A opinião dos críticos foi mais positiva. Era um bom sinal.
Depois de uma noite de êxito aparente, despediu-se e, calmamente, entrou em casa. Assim, sim, era bela a vida! Levou o gato consigo, atirou a roupa para um canto do quarto, vestiu a primeira camisa que encontrou e deitou-se na cama.
Voltou nessa mesma noite. Não que tivesse algo agendado. Mas também não se lembrava de não o ter.
Entrou na sala como de costume. Tudo correu como de costume. Por fim, levantou-se, agradeceu também como de costume e cedeu o seu lugar.
Mas não conseguiu ficar para assistir. Estava num dia de menos paciência. Esperou pelos aplausos e saiu, silenciosa, da sala.
O corredor estava deserto. Decerto, daí a alguns minutos, teria de voltar à sala para dar umas palavrinhas.
Nem teve tempo de pensar. Antes de o ter feito, já uma lâmina fria e aguçada lhe tinha aberto o peito.
Quando acordou, encontrava-se no chão. Teria sido apenas um susto?
Voltou para a sala. Ouviu chamarem o seu nome e encaminhou-se para a frente.
Oh, quanta monstruosidade! Alguém lhe havia aberto o peito e arrancado o coração!
Estática, apavorada, em pé, não se sabendo viva ou morta, a mulher olhava para o grande buraco no seu peito, todo esventrado e remexidas as entranhas. Das veias rotas saíam vários esguichos de sangue que tingiam de vermelho as faces pálidas dos presentes…
Acordou, estremunhada, branca como a parede. Estava em casa, na cama. O gato a seus pés. Num canto, a roupa que havia atirado. Com um suspiro de alívio, colocou a mão direita sobre o coração. Não estava lá.
De facto, na segunda vez, cometeu um ligeiro engano. Não fora coisa grave. Erros, no fim de contas, todos cometemos. A opinião dos críticos foi mais positiva. Era um bom sinal.
Depois de uma noite de êxito aparente, despediu-se e, calmamente, entrou em casa. Assim, sim, era bela a vida! Levou o gato consigo, atirou a roupa para um canto do quarto, vestiu a primeira camisa que encontrou e deitou-se na cama.
Voltou nessa mesma noite. Não que tivesse algo agendado. Mas também não se lembrava de não o ter.
Entrou na sala como de costume. Tudo correu como de costume. Por fim, levantou-se, agradeceu também como de costume e cedeu o seu lugar.
Mas não conseguiu ficar para assistir. Estava num dia de menos paciência. Esperou pelos aplausos e saiu, silenciosa, da sala.
O corredor estava deserto. Decerto, daí a alguns minutos, teria de voltar à sala para dar umas palavrinhas.
Nem teve tempo de pensar. Antes de o ter feito, já uma lâmina fria e aguçada lhe tinha aberto o peito.
Quando acordou, encontrava-se no chão. Teria sido apenas um susto?
Voltou para a sala. Ouviu chamarem o seu nome e encaminhou-se para a frente.
Oh, quanta monstruosidade! Alguém lhe havia aberto o peito e arrancado o coração!
Estática, apavorada, em pé, não se sabendo viva ou morta, a mulher olhava para o grande buraco no seu peito, todo esventrado e remexidas as entranhas. Das veias rotas saíam vários esguichos de sangue que tingiam de vermelho as faces pálidas dos presentes…
Acordou, estremunhada, branca como a parede. Estava em casa, na cama. O gato a seus pés. Num canto, a roupa que havia atirado. Com um suspiro de alívio, colocou a mão direita sobre o coração. Não estava lá.
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