domingo, 20 de janeiro de 2008

A justiça – valor universal e intemporal

Tenho andado muito fisolófica. E foi devido a uma aula de Português e de Filosofia sobre os valores humanos que me ocorreu falar sobre a Justiça.
É comum, nos tempos que correm e nas situações em que vivemos, ouvirmos várias vezes a palavra justiça para tudo o que acontece (e o mesmo com injustiça). Parece que, de repente, o Mundo se voltou para um ideal de justiça nunca antes concebido, porque, acontece, ninguém está bem com a vida que tem: somos capazes, hoje, de pensar mal das pessoas que nos rebocam o automóvel quando sabemos muito bem que a culpa é nossa, de nos queixarmos da nota de um teste quando não fizemos nada por ela, de criticarmos os nossos colegas de trabalhos de grupo quando sabíamos muito bem que podíamos ter feito melhor… e terminamos cada citação com a célebre frase “é injusto”. O quê, é esse o vosso ideal de justiça? Já ouvi quem se queixasse que foi injusto um polícia lhe ter passado uma multa. Mas então porque deixou o automóvel mal estacionado? Não, foi o polícia que o estacionou! Ridículo! É esse o vosso ideal de justiça?
Também já reparei que as pessoas só clamam por justiça quando a conseguem pôr a seu favor. Se a justiça for em favor do outro, cuidado que aí já nem ousamos dizer a palavra. E depois lutamos por um mundo mais justo e queixamo-nos das injustiças das outras pessoas que, a meu ver, são as mesmas que fazemos sem darmos por isso…
Tenho uma ideia péssima da justiça da sociedade actual.
Aliás, acho graça, que as pessoas clamem por justiça sem saber muito bem o que quer dizer…
Justiça deriva da palavra latina justitia, que se baseava na igualdade. Justiça é igualdade.
Sempre que ouço esta palavra, é normal que me venha à cabeça uma balança. Mas, se justiça é igualdade, ambos os pratos da balança deviam estar em equilíbrio e não a favorecer mais uma parte que outra… ou não será assim?
Note-se: equilíbrio. Isso não quer dizer que ambos os pratos tenham de ter o mesmo conteúdo a fim de pesar igual porque, mesmo com objectos diferentes, com quantidades bem doseadas, podemos equilibrar uma balança. Isto não é novidade para ninguém.
Então, eu pergunto: a justiça existe?
A justiça está ligada à igualdade. Todos são iguais, diz ela…
Mas, pegando no exemplo da reforma (que, como é sabido, aumentou uns míseros oitenta e sete cêntimos ou lá o que é mas já nos devemos dar por muito contentes porque, enfim, não é algo que aconteça com facilidade todos os dias, um aumento). Sim, é justo que todos recebam a mesma reforma. Mas note-se: nem todos têm os mesmos rendimentos. Seria mais justo que se desse a reforma em função dos rendimentos que possuem para ficarem, pelo menos economicamente, todos “iguais”, do que dar uma reforma igual a pobres e ricos para, no bolso, ficarem à mesma “todos diferentes”. A igualdade não se vê nos meios que se tomam para a conseguir, mas nas consequências de meios diferentes para se tornarem iguais…
Espero não ter confundido o cérebro de ninguém com todo este palavreado que, apesar de tudo, faz muito sentido para mim…
Mas, se virmos bem a justiça é uma entidade abstracta. Cada qual vê a justiça como lhe convém. Tomemos como exemplo um jogo de futebol.
Se um árbitro marca uma falta bem marcada, a equipa adversária protesta logo dizendo que não existe falta “que é injusto”, quando o árbitro tem os olhos na cara para alguma coisa e foi falta mesmo! Porquê? Porque à equipa adversária não convém haver faltas! Porque a gente está mais atenta aos erros dos outros que aos nossos, porque nos é conveniente. A Natureza humana é assim e não creio que haja muita coisa a fazer, a não ser começar por entender que ninguém é perfeito e que erros, todos cometem. Já é meio caminho andado para um mundo mais justo…
Mas eu torno a perguntar: depois de tanto argumento, será correcto dizer que a justiça existe? Terá uma forma definida, um conceito único?
Isso depende.
Acho que nestes assuntos do que é justo ou injusto bem podíamos pegar num célebre provérbio que todos conhecemos e substituir uma palavra por outra, a fim de ficar que, tal como a beleza, também “a justiça está nos olhos de quem a vê”. E todos concordamos que, no fundo, até que é verdade.

2 comentários:

Anónimo disse...

esta um texto muito bom!

ajudou me imenso num trabalho que tenho que apresentar sobre a justiça.

continue assim!

Anónimo disse...

Excelente. Dá gosto ler.
Continue a escrever.

113