Era uma vez um menino que gostava muito de escrever. Nas suas histórias, todas as suas personagens tinham sempre finais muito bonitos e as palavras que usava para contar uma história tornavam-na encantadora, por mais simples que fosse.
Todos admiravam muito o menino que gostava de escrever.
Um dia, a professora encarregou os alunos de escrever uma redacção sobre um tema actual e realista. Imediatamente, todos os olhos pousaram sobre o menino, interrogando-se sobre o que iria sair daquela cabecinha tão pequena.
Ao chegar a casa, o menino começou a trabalhar na redacção.
- Uma composição sobre um tema actual e realista?
Depois de muito pensar, pegou numa folha de papel lisa e começou a escrever.
Era a história de um velhinho que morava numa cabana no meio da neve, num planeta que ainda ninguém havia descoberto e que tinha como única companhia os seus chinelos falantes.
No dia seguinte, as composições foram entregues à professora que, na tarde do mesmo dia, as entregou corrigidas.
Havia temas de todo o género: desde histórias com crianças paralíticas, ou que eram órfãs ou que viviam com pessoas que as tratavam muito mal. As notas foram bastante altas. Mas toda a turma se espantou quando devolveram ao menino a sua composição com um “Suficiente” escrito em letras vermelhas e grossas.
Os colegas, claro, não perceberam! Tinha sido a nota mais baixa! A professora, então, chamou-o à frente da sala:
- Gabriel, chega cá à frente…
O menino foi à frente do quadro, a medo. Os olhos dos colegas estavam, como sempre, postos em cima dele. A professora tornou:
- Lembras-te, com certeza, dos critérios pedidos para a elaboração da tua composição, não te lembras?
- Sim, senhora professora.
- Quais eram eles?
- A história deveria ser actual e bem realista.
- Ora acontece que a tua história não é actual, nem tão pouco realista.
Os colegas olharam para o menino com interesse.
- Gabriel, diz-me uma coisa, desde quando é que os chinelos falam?
A turma rompeu em gargalhadas. O menino respondeu:
- Falam na minha imaginação.
- Imaginação e realidade não são a mesma coisa…
- Isso é uma grande mentira! Antes de algo existir é preciso que seja imaginado!
A professora, que não gostou que a contrariassem, disse então:
- Não tenho muito a certeza de que um dia venham a existir chinelos falantes…
Os colegas riram de novo. O menino baixou a cabeça.
- E diz-me uma coisa: não me parece muito actual, muito menos real, um velhinho a viver numa cabana no meio da neve num planeta que ainda não foi descoberto. Isso parece-te verdade?
Mais gargalhadas abanaram a sala. O menino estava quase a chorar, mais ainda disse:
- Mas quantos velhinhos não vivem nas suas casas no meio da neve tendo como única companhia os seus chinelos?
O olhar da professora ficou subitamente carregado de cólera, como se o menino tivesse descoberto algo que lhe dizia respeito. E mandou-o sentar, com um recado para os pais por indisciplina. “Ousou responder a um superior” lia-se em letras bem visíveis, igualmente vermelhas.
Durante a noite o menino chorou. Mas seria mentira o facto de os chinelos não falarem?
Mas o certo é que, vendo-o tão abatido, os seus chinelos começaram a cochichar. O menino ainda levantou a cabeça mas, lembrando-se da aula e do sermão da professora, murmurou:
- Os chinelos não falam…
Deitou a cabeça na almofada e adormeceu.
Todos admiravam muito o menino que gostava de escrever.
Um dia, a professora encarregou os alunos de escrever uma redacção sobre um tema actual e realista. Imediatamente, todos os olhos pousaram sobre o menino, interrogando-se sobre o que iria sair daquela cabecinha tão pequena.
Ao chegar a casa, o menino começou a trabalhar na redacção.
- Uma composição sobre um tema actual e realista?
Depois de muito pensar, pegou numa folha de papel lisa e começou a escrever.
Era a história de um velhinho que morava numa cabana no meio da neve, num planeta que ainda ninguém havia descoberto e que tinha como única companhia os seus chinelos falantes.
No dia seguinte, as composições foram entregues à professora que, na tarde do mesmo dia, as entregou corrigidas.
Havia temas de todo o género: desde histórias com crianças paralíticas, ou que eram órfãs ou que viviam com pessoas que as tratavam muito mal. As notas foram bastante altas. Mas toda a turma se espantou quando devolveram ao menino a sua composição com um “Suficiente” escrito em letras vermelhas e grossas.
Os colegas, claro, não perceberam! Tinha sido a nota mais baixa! A professora, então, chamou-o à frente da sala:
- Gabriel, chega cá à frente…
O menino foi à frente do quadro, a medo. Os olhos dos colegas estavam, como sempre, postos em cima dele. A professora tornou:
- Lembras-te, com certeza, dos critérios pedidos para a elaboração da tua composição, não te lembras?
- Sim, senhora professora.
- Quais eram eles?
- A história deveria ser actual e bem realista.
- Ora acontece que a tua história não é actual, nem tão pouco realista.
Os colegas olharam para o menino com interesse.
- Gabriel, diz-me uma coisa, desde quando é que os chinelos falam?
A turma rompeu em gargalhadas. O menino respondeu:
- Falam na minha imaginação.
- Imaginação e realidade não são a mesma coisa…
- Isso é uma grande mentira! Antes de algo existir é preciso que seja imaginado!
A professora, que não gostou que a contrariassem, disse então:
- Não tenho muito a certeza de que um dia venham a existir chinelos falantes…
Os colegas riram de novo. O menino baixou a cabeça.
- E diz-me uma coisa: não me parece muito actual, muito menos real, um velhinho a viver numa cabana no meio da neve num planeta que ainda não foi descoberto. Isso parece-te verdade?
Mais gargalhadas abanaram a sala. O menino estava quase a chorar, mais ainda disse:
- Mas quantos velhinhos não vivem nas suas casas no meio da neve tendo como única companhia os seus chinelos?
O olhar da professora ficou subitamente carregado de cólera, como se o menino tivesse descoberto algo que lhe dizia respeito. E mandou-o sentar, com um recado para os pais por indisciplina. “Ousou responder a um superior” lia-se em letras bem visíveis, igualmente vermelhas.
Durante a noite o menino chorou. Mas seria mentira o facto de os chinelos não falarem?
Mas o certo é que, vendo-o tão abatido, os seus chinelos começaram a cochichar. O menino ainda levantou a cabeça mas, lembrando-se da aula e do sermão da professora, murmurou:
- Os chinelos não falam…
Deitou a cabeça na almofada e adormeceu.
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