domingo, 2 de março de 2008

O saber não ocupa lugar

Recentemente vi uma fotografia que, devido ao facto de não a encontrar, apresso-me a descrevê-la aqui. Nela, um menino negro esquelético, sem roupa, gatinhava na rua, com uma das mão a agarrar o tornozê-lo de um trauseunte que passava sem sequer olhar para baixo.
E, face a uma fotografia dessas, a gente pergunta onde está a Justiça neste mundo (se quiser ver a minha opinião sobre a Justiça actual, leia o texto de Janeiro "A Justiça -valor universal e intemporal")!

Mas, tal como tudo no mundo (e essa lei, sim, é universal), teve de haver motivos para a existência de alguns casos extremos de pobreza. Creio que estamos todos cheios de ouvir reportagens e palestras sobre estes assuntos, mas ouvir mais uma vez e saber melhor nunca fez mal a ninguém. Por isso, se já acharem que sabem tudo a respeito deste assunto, este texto não é para vós.

Chamamos de países em desenvolvimento ao conjunto de países que se encontram num estado de pobreza. Normalmente, o sector predominante é a agricultura. Isto porque nunca se deve começar a abordar um assunto sem antes se saber bem o que se vai falar.

Hoje vemos inúmeras organizações que pretendem angariar fundos para esses países. Mas eu não concordo, tal como não concordo muito quando se dá por exemplo, dinheiro a um pobre. Isto porque, há muito tempo, li uma frase que dizia assim "Se vires um pobre não lhe dês um peixe; ensina-o a pescar."E isto é verdade. Em vez de darmos dinheiro e fundos, devíamos proporcionar-lhes postos de trabalho, precedidos por alguma educação.

Mas esses países não têm culpa das condições que possuem. E quais as suas origens?

Antes de mais, devo salientar que a desigualdade é um factor que leva à pobreza. Em grande parte dos países em desenvolvimento, a mulher tem apenas funções reprodutivas e domésticas, não dando o seu contributo no desenvolvimento do país. Mas é algo que pode ser corrigido com a educação das novas gerações, visto essa condição da mulher passar de geração em geração, é uma condição tradicionalista.

Aqui nós, os países desenvolvidos, parecemos muito bonzinhos com todos os nosses sistemas de caridade. Mas os culpados da pobreza nos países do Sul somos nós.

Acontece que grande parte desses países foram, em tempos, colónias dos países do Norte durante séculos. Ao começarem a exigir a sua independência e, sendo-lhes dada recentemente, abandonámo-los à sua sorte, tanto que, depois de séculos de dependência, não conseguem desenvolverem-se sozinhos. E no fundo, ficam dependentes na mesma, pelo menos economicamente.

Os países desenvolvidos aproveitam-se da pobreza dos países em desenvolvimento. Estes últimos são os responsáveis pelas matérias-primas que são transformadas nos países desenvolvidos. Então, supostamente, deviam ser ricos...

Mas não são. E isto porque os países desenvolvidos sabem que os países em desenvolvimento darão aos suas matérias-primas a qualquer preço, mesmo não sendo o justo. E vendem-nas a preços irrisórios exigidos pelos países desenvolvidos, que chantageiam amealando não as comprar. Não sei se sabiam esta, mas é verdade, somos uns sacanas!

Outra condicionante da pobreza é a elevada taxa de natalidade. Por exemplo, em muitas tribos africanas, os filhos são vistos como fonte de riqueza, pelo que cada casal tem muitos filhos. Para mais, também há tribos que praticam a poligamia. Devido à elevada taxa de natalidade, a população dos países em desenvolvimento aumenta demasiado para aquilo que eles podem proporcionar, originando fomes. Os motivos que levam às elevadas taxas de natalidade nos países em desenvolvimento são:



  • a elevada taxa de analfabetismo - não tendo, por isso, muitos conhecimentos ao nível do funcionamento do corpo humano e métodos contraceptivos;

  • os filhos são vistos como uma fonte de riqueza;

  • poligamia;

  • funções domésticas da mulher;

  • casamentos precoces - porque, efectivamente, a esperança média de vida é baixa.

Os desastres naturais também dão o seu contributo à pobreza, pois os países em desenvolvimento não têm muitos rendimentos e, em caso de algum desastre, não têm muitos meios para minorar os seus efeitos.


E ainda esqueci de mencionar que, devido à elevada taxa de analfabetismo e não conhecimento de métodos contraceptivos, é fácil a propagação de doenças como a SIDA, esta um dos maiores flagelos a nível de doenças a nível mundial e que poderia ser facilmente evitado. Também devido ao analfabetismo, muitas culturas tentam sobrepôr-se a outras que, no seu ver, estão erradas (vejam-se os casos de terrorismo) e morre sempre muita gente devido à intolerância. Mas a uma intolerância originária de falta de cultura.


Tenho consciencia de que este texto nada vai poder fazer para minorar a pobreza no mundo. Mas, pelo menos, faço o que od países desenvolviedos não fazem, que é consciencializar os países em desenvolvimento para os seus próprios problemas.


Do mesmo modo, também eu vos consciencializo. Sim, é verdade, poderemos pensar "mas eu sou apenas uma gota de água no oceano!". Mas isso depende. Se todos os leitores deste texto se juntassem, já seríamos várias gotas.


Pretendi, com este texto, tentar dar uma luz sobre a realidade dos nossos vizinhos de baixo, os países de Sul, mais conhecidos como países em desenvolvimento (com excepção da Oceânia). Tenho consciência que, na certa, todos vocês, caros leitores, já sabiam do que foi referido acima. Ao invés de me chatear por estar a falar do que já não é novidade, agrada-me o facto de falar de algo que, felizmente, já sabeis. Fico contente e fico ainda mais por aqueles que, mesmo já sabendo, se deram ao trabalho de saber outra vez. Afinal, sejam duas ou três vezes, a certeza que temos é que "o saber não ocupa lugar".

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