É um dia não muito claro, não muito escuro e, na dureza das pedras da rua, inerte e despojado de todo o seu ser, jaz um pássaro morto; insignificante, face às dimensões do cenário onde se insere e, no entanto, durante toda a sua curta vida, foi ele que chegou mais longe…
A ausência de penugem ou carne, os ossos deslocados ou já ausentes, tiram toda a noção de algo tão pequenino se ter atrevido algum dia a cruzar os céus…
Uma asa… há, no entanto, uma asa em falta… e o bico também… pobre, que nem na morte lhes tens direito! Com certeza temem que voes e cantes nas profundezas da inexistência…
O pássaro jaz morto… e, no meio de tudo o que o envolve, jaz, contudo solitário, demasiado pequeno face à rua que lhe serve de repouso…
Talvez tenha sido para não demonstrar a tua pequenez que te deram o direito de voar, um dia… e só isso te torna grande…
Passarinho, olho para mim quando te vejo no meio da rua…. E também me tiraram o direito às asas…
Contudo, entre nós, há uma pequena diferença.
Se a mim, viva, me cortaram as asas e não voo, tu, mesmo na morte e sem uma asa, não careces de voar… por que é na Morte que os pássaros alcançam o Infinito, não obstante a falta de asas…
Se eu na morte alcanço o céu, tu já o alcançaste na vida…
A ausência de penugem ou carne, os ossos deslocados ou já ausentes, tiram toda a noção de algo tão pequenino se ter atrevido algum dia a cruzar os céus…
Uma asa… há, no entanto, uma asa em falta… e o bico também… pobre, que nem na morte lhes tens direito! Com certeza temem que voes e cantes nas profundezas da inexistência…
O pássaro jaz morto… e, no meio de tudo o que o envolve, jaz, contudo solitário, demasiado pequeno face à rua que lhe serve de repouso…
Talvez tenha sido para não demonstrar a tua pequenez que te deram o direito de voar, um dia… e só isso te torna grande…
Passarinho, olho para mim quando te vejo no meio da rua…. E também me tiraram o direito às asas…
Contudo, entre nós, há uma pequena diferença.
Se a mim, viva, me cortaram as asas e não voo, tu, mesmo na morte e sem uma asa, não careces de voar… por que é na Morte que os pássaros alcançam o Infinito, não obstante a falta de asas…
Se eu na morte alcanço o céu, tu já o alcançaste na vida…
(Ao pardal que, numa tarde de Inverno, enterrei debaixo da cerejeira no meu jardim.)
1 comentário:
Olá :D
Já conhecia o texto, julgo que foi este álias que a professora de português disse que era triste (...) eu concordo, porém há que entender que não podem haver só textos com finais felizes, ou começos felizes, pois a vida está sempre em directo, e acho que com este exemplo se pode aprender muito.
Eu gosto muito de pássaros, mas soltos, não acho piada nenhuma a um ser que tem asas estar limitado a uma gaiola com meia dúzia de sementes, porque se tem asas é porque deve voar.
Fizeste-me recordar uma manhã que tive na escola, em que eu vi um pássaro ferido, peguei nele, e a mim se juntaram mais pessoas, e aguardei pelo meu pai para o levar para casa, porém isso não foi possível pois morreu, ou então já estava morto na altura em que peguei nele, mas a esperança de o puder ajudar não me permitiu ver.
Gostei, e queria elogiar as mudanças que fizeste no teu blog, está muito sereno, e gosto da música de fundo.
Ah!
Foi bom conhecer a cara da escritora deste blog :O
Beijinhos
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