sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A síndrome da demagogia

Olá!
Depois de alguns dias, decidi voltar a falar de assuntos conscientes e racionais... Não que os outros não sejam, mas, como disse um escritor cujo nome não recordo, "O coração tem razões que a própria razão desconhece.".


Hoje venho falar da síndrome da demagogia (tal como o nome indica, é uma bactéria e que, pelos vistos, se está a espalhar a grande velocidade, se bem que é tão antiga como o tempo).

Aquele que pratica demagogia é o demagogo.

E o que é a demagogia? Vou procurar defini-la muito sucintamente.

Voltemos à antiga Grécia, o "berço das ciências e das artes", por assim dizer e a introdutora da democracia na sociedade actual. Se havia algo que tinha importância na aprendizagem de um jovem, era a arte da oratória, ou seja, a arte de convencer os outros a aceitar os seus pontos de vista através da palavra. Os oradores tinham sempre o direito de, na assembleia dos cidadãos, Pnyx, expôr os seus pontos de vista. No entanto, a oratória, de certo modo, levou à formação da demagogia. Esta palavra vem o do grego e significa "condução do povo". Aquele que faz promessas irrealizáveis e sem fundamento verdadeiro para o futuro apenas para conseguir o apoio popular é o demagogo.

É, tal como disse: a demagogia é algo muito antigo. Creio que, actualmente, mais do que na antiga Grécia.

E já não falo só das promessas irrealizáveis dos principais dirigentes, mas também dos discursos complicados e que dizem, basicamente, sempre a mesma coisa. As pessoas não votam apenas por quele que promete o melhor porque, de certo modo, todos prometem o mesmo, mas sim pelo que fala melhor. Alguns discursos não são muito entendíveis mas, pela sua complexidade, achamos estar a ouvir uma grande coisa, ainda que não saibamos bem o quê.

Gosto muito do meu país; aliás, tenho um grande sentimento patriota e nacionalista. Mas que o nosso país está cheio de problemas e a todos os níveis, está, nomeadamente económico e no que trata ao mercado de trabalho. Supostamente os nossos dirigentes deviam estar a discutir e a arranjar soluções para esses problemas.

Mas não é isso que vemos nos seus discursos. Em vez de, por uma vez, discursarem sobre os problemas do país, não: nos seus discursos, em vez de ouvirmos soluções, ouvimos as querelas entre os vários partidos políticos, as crises dos partidos políticos, os políticos a cortarem constantemente a casaca uns aos outros, a debater assuntos relacionados com o PS, PSD, CDS-PP e os seus problemas... mas o que é que nos interessa que determinado dirgente tenha feito no partido ou deixado de fazer, que o PS seja rebaixado pelo PSD e vice-versa, que é que nos interessa o que um político diz que faz ou que não faz quando todos dizem a mesma coisa, que é que nos interessa as crises internas que estão a passar com os seus chefes que rivalizam com fulano e que se ofendeu porque cicrano lhe ditou o que deveria fazer ou criticou o partido a que pertence? E enquanto eles lamentam e discursam os SEUS problemas internos, o país vai ficando à míngua. Então e os NOSSOS problemas? Os NOSSOS, os dos simples cidadãos que pouco ou nada podem fazer para melhorar a vida que têm porque não têm poderes para isso? Por algum motivo elegemos chefes políticos...

Não tive muito a dizer sobre o assunto, apenas quero salientar que a demagogia é uma epidemia que alastra sobretudo às pessoas relacionadas com a política, que bom para nós, que não sofremos contágio.

Já agora, espero que a música que eu escolhi não vos tenha distraído muito a leitura, já que distraídos todos andamos quando chega a altura de colocar nomes nas urnas.

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