sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Prometes, cumpres!

Acerca da imagem, só tenho a dizer uma coisa: sem comentários.
Isto porque cada um de nós, à medida que vai entrando aos poucos para o mercado de trabalho, também se vai sujeitando ao tratamento da imagem, nela em sentido figurado. E eu é que não quero acabar assim!

Pode parecer devaneio mas, um dia, quero ter um emprego em que não precise de patrões, nem ninguém que me possa arranjar problemas ou chatices. E quero não precisar das caridades alheias, antes que me enrolem com palavras mansas e promessas vãs.

Hoje falamos viver numa sociedade democrática e igual em oportunidades para todos. Mas tal não acontece. Alem do mais, sempre que tomamos as decisões ditas democráticas, foi sempre por influência de outrém, na maior parte das vezes, através da influência verbal. Deixamo-nos levar mais facilmente por aquiloque os outros pensam e nas histórias bonitas em que tudo é fácil sem pensarmos, por exemplo, nos custos para consegui-lo. E, muitas vezes, um desses custos é a sujeição.

Dizem-nos palavras ricas em conteúdo, mas pobres em verdade. E, quando damos por isso, já não é possível anular o que se fez. A dependência torna-se, de certo modo, enorme (basta ver o exemplo das greves, que já não são de jeito, apenas por 24 horas e ainda acham que 24 horas sem trabalhar vão fazer a diferença. É claro que os chefes já nem ligam às greves, porque já sabem quanto duram e quão fracas são as pessoas para terem coragem de abdicar de mais uns dias de salário para lutarem pelos seus interesses. As pessoas são capazes de ameaçar fazer greve, mas nunca a fazem, porque senão arriscam-se a não ganhar o salário de miséria de que reclamam constantemente).

Qui tacet, consentire videntur e, ao não lutarmos pelos nossos direitos, estamos a dar mostras da nossa fraqueza psicológica e de sujeição. E nunca conseguiremos o que achamos verdadeiramente justo para nós.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Breve verdade

Nem sempre o que é em quantidade é o melhor em qualidade. Além do mais, as aparências iludem e assemelhando-se a outro ditado, "nem tudo o que reluz é ouro.". E, quanto mais alto se sobe, maior é a queda.
Muitas vezes esperamos muito da vida, grandes coisas, grandes projectos. E, com tudo isso, esperamos alcançar a felicidade, sem notar que esta está tantas vezes tão perto, nas pequenas coisas que vemos todos os dias e que chamamos de banais, procurando-a sempre no complexo... podíamos ser felizes, mas o nosso conceito de felicidade é que esta é praticamente inalcançável...

Já alguma vez, quando acordam deprimidos, experimentaram olhar o Sol nascer? Não seriam necessárias prendas para conseguirem fazer-nos felizes, pelo menos julgamo-nos.

Procuramos a felicidade nas coisas passageiras da vida... talvez a devêssemos procurar em coisas mais duradoiras, porque só assim poderemos ser verdadeiramente felizes... e nos gestos simples do dia-a-dia.

Um filósofo afirmou "Não existe felicidade; o que existe são momentos felizes." Até poderia concordar, não fosse um ponto: se, de facto só existem momentos felizes, há que procurar tirar partido de todos ao máximo... e encontraremos a felicidade...

Mas também há que ter momentos de tristeza; porque é nesses momentos que as outras pessoas podem experimentar a felicidade de nos fazer felizes...

Procura a felicidade no Sol que nasce todas as manhãs, porque viveste mais um dia para o presenciar.

Procura a felicidade quando ouves o irritante barulho do teu despertador, porque isso significa que ouves bem.

Procura a felicidade quando te irritam e não respondes, porque isso significa que tens educação.

Procura a felicidade quando te sentires a sufocar numa fila de gente, porque isso significa que não estás sozinho.

Procura a felicidade cada vez que sofreres por alguém, porque isso significa que sabes amar.

Procura a felicidade cada vez que sentes dor... PORQUE ISSO SIGNIFICA QUE ESTÁS VIVO!

Porque talvez no que chamamos de tristezas e aborrecimentos possamos encontrar um motivo para nos sentirmos bem connosco e com os outros.

Porque talvez sejas feliz quando o teu melhor amigo te diz com sinceridade "gosto de ti".

Porque talvez a felicidade esteja à distância de um sorriso aberto todas as manhãs...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Estamos numa sociedade...

Estamos numa sociedade hipócrita...

Estamos numa sociedade em que o bem de devia ser de todos apenas se reserva a alguns...

Estamos numa sociedade em que o sentido de igualdade, ainda que continuamente badalado, não é praticado na sua verdadeira essência...

Estamos numa sociedade de mais palavras e menos acção...

Estamos numa sociedade liderada pelo comodismo...

Estamos numa sociedade em que os fins justificam os meios...

Estamos numa sociedade em que condenamos nos outros os nossos próprios erros...

Estamos numa sociedade em que todos dizem que fazem e, no final, só participou um punhado de pessoas...

Estamos numa sociedade em que é preciso haver leis para que saibamos o que é certo ou errado...

Estamos numa sociedade em que Bem e Mal são sinónimos...

Estamos numa sociedade que delega os seus erros para os outros...

Estamos numa sociedade sem tempo para si mesma...

Estamos numa sociedade de tão rápida evolução, que é complicado saber o que já é antigo ou recente...

Estamos numa sociedade que preza o proveito próprio...

Estamos numa sociedade iletrada, em que ir à escola é, na boca de muitos, perda de tempo...

Estamos numa sociedade inculta, em que as pessoas com conhecimentos são vistas como aborrecidas ou desinteressantes...

Estamos numa sociedade em que dizer "Amo-te" se tornou algo banal...

Estamos numa sociedade que não distingue "conhecido" de "amigo"...

Estamos numa sociedade em que um grande amor dura dois meses...


Estamos numa sociedade em constante movimento e isso vê-se nos hábitos das pessoas: o corre-corre de todos os dias, o nunca parar em casa, o nunca se lembrar de telefonar a um amigo no seu aniversário, o nunca parar para dizer "Bom dia" àqueles que se cruzam connosco, o nunca parar de querer ter e ter o que quer e em que um mês vale por um ano... Estamos numa sociedade em que 1 ano é muito tempo, isto porque esta sociedade não pára...

Estamos numa sociedade que nem tem tempo de se conhecer e em que as pessoas não se chegam a conhecer, afirmando conhecerem-se bem...

Estamos numa sociedade sem personalidade própria...


... Apenas fica o tempo (ou pelo menos a falta dele)...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

"Espelho, espelho meu: haverá alguém mais belo do que eu?"

Estava eu a passar uma hora que tinha sem nada para fazer a visitar lojas quando o que eu queria mesmo era encontrar plantas (talvez levasse uma, adoro plantas), quando me apontam um ramo de flores artificiais.
Eram narcisos… E eu gosto muito de narcisos…
Lembro-me de lhes tocar, invulgarmente altos e com cores que, para os narcisos verdadeiros, não são naturais… Aquele ramo era, sem dúvida, uma paleta de cores em narcisos artificiais…

Lembro-me de ver as pessoas a passar e a tocar com as mãos os narcisos entre frases de exclamação sobre, no dizer deles, quão bonitos eram e como gostavam de os ter, mas o problema era o preço, bastante alto.
Ainda olhei demoradamente os narcisos artificiais, à procura de um sinal que, efectivamente, mostrasse como eram bonitos. Mas a beleza está nos olhos de quem a vê. E, não obstante eu não a ter encontrado nesses narcisos, a maioria das pessoas achava-os bonitos.
Também, aquando a minha saída, passei por uma loja que ostentava, nas traseiras, montes de vasos com plantas, ou secas, ou ainda a murchar e por um preço irrisório. Ninguém lhes pegava ou voltava sequer a cabeça. Voltei a pensar no quanto as pessoas achavam bonitas as flores artificiais.
Então, arranjei duas flores, uma artificial e colorida e uma seca. Passei a perguntar às pessoas qual achavam mais bonita. E, para grande desilusão minha, praticamente todas me respondiam: a artificial, porque é colorida e não murcha.

Concluí que, portanto, poucas pessoas sabem apreciar a verdadeira beleza; porque praticamente todas gostam do falso e artificial.

Posso dizer que, de ambas as flores, a flor murcha é mais bonita. Não pelas cores ou por não murchar porque, efectivamente, já o está. Mas por um simples facto: é verdadeira. E, se é verdadeira, existe e chama-se flor. Porque todas as verdadeiras flores murcham. A artificial não é uma flor porque, efectivamente, não murcha. Além do mais, nem tem cheiro. As flores, mesmo murchas, podem continuar a agradar-nos com o seu doce perfume.
Para mim, a verdadeira beleza está na fealdade. Sei que parece uma contradição, mas aquilo a que chamamos perfeição tende a ser aborrecido. Além do mais, não existem coisas perfeitas porque, para algo ser perfeito, tinha de agradar a todos e não existe nada que agrade a todos uniformemente. Porque a noção de perfeição varia de pessoa para pessoa.

Uma flor artificial pode não murchar e enfeitar uma jarra. Mas uma flor verdadeira, mesmo murcha, ainda que não seja atraente, perfuma o ar e torna-o agradável.
Muitas vezes vejo gente que oferece rosas sem espinhos. Para as pessoas, o mau das rosas são mesmo os espinhos, se bem que eu acho que é isso que as torna bonitas. São os espinhos que as tornam diferentes das outras flores. Por exemplo, na aldeia dos meus bisavós a minha mãe tem um pomar cheio de árvores de fruto. Nomeadamente laranjeiras. No entanto, houve uma laranjeira que, mal foi plantada, morreu. Mas, antes de morrer, tinha dado um outro rebento no mesmo local. Esse rebento tornou-se uma laranjeira. No entanto, eu nunca tinha visto, essa laranjeira tem espinhos no tronco. Eu, pessoalmente, nunca tinha visto uma laranjeira com espinhos no tronco. E é a minha laranjeira preferida, por causa dos espinhos. Porque, de entre todas as laranjeiras existentes no pomar, aquela é única.
Tenho vários vasos com plantas na varanda. Quando fui de férias de Verão, não tive quem mos regasse e elas ficaram expostas ao calor abrasador. Hoje, estão completamente secas, algumas sem folhas e escuras. A minha mãe teima em dizer que estão mortas. Mas eu continuo a regá-las como rego as poucas que continuaram verdes, porque são tão “plantas”, por assim dizer, como as outras e, além do mais, são essas mesmas plantas secas e murchas que precisam da maior parte da atenção e não as plantas verdes e com flores; precisam que as tratemos com mais cuidado e que invistamos mais nelas, porque estão secas e precisam ser tratadas. Qual não é o espanto da minha mãe quando, uma manhã, uma daquelas plantas que, durante um ano, foi regada completamente murcha, ostentava duas folhas pequenas mas muito verdes no meio das outras escuras!...

Este exemplo das flores pode aplicar-se para tudo na vida e o mesmo se passa com os seres humanos.

As pessoas são plantas, umas verdes, porque foram tratadas com carinho e atenção, outras murchas porque, ou não tiveram tanta protecção como as verdes, ou estiveram expostas a momentos da vida que, pela sua dureza, as fizeram secar. Há que prestar mais atenção às pessoas murchas porque, com alguma persistência, podem dar folhas novas.

Também tal como as plantas, que podem ser de espécies diferentes, também as pessoas são diferentes; cada pessoa tem uma maneira muito especial de ser tratada. Há que descobri-la, a fim de não a deixarmos murchar.
Ainda de encontro ao início do assunto, creio que são aqueles pormenores a que normalmente chamamos imperfeições que tornam bonita uma pessoa, porque a beleza, efectivamente, pode ser maçadora, demasiado monótona, demasiado equilibrada, demasiado limpa, demasiado… perfeita. E o que é em demasia, cansa.

Vou dar como exemplo as marcas do rosto. Se, para a maioria, as rugas de expressão deveriam ser erradicadas, para mim, são elas que tornam os rostos facilmente identificáveis. Cada pessoa tem linhas muito próprias quando sorri, chora ou franze o sobrolho. Elas, também, tornam o rosto dinâmico. Um rosto sem linhas de expressão ou qualquer dobra seria monótono, demasiado liso, sem qualquer mostra de sentimento. Por isso digo que demasiada perfeição pode ser equivalente a fealdade.


Mas que é que isso interessa?


Também no mercado da vida muita gente escolhe pessoas artificiais muito coloridas, que, por assim dizer, “não murcham”, ou pelo menos parece que não.
Mas, quando é que uma pessoa é uma flor bonita?
A educação é o melhor caule que uma pessoa pode ter para alcançar outros valores.
A alegria é a melhor folha para um bom caule.
A bondade torna as folhas mais verdes.
A humildade dá recortes exuberantes às folhas.
A simplicidade dá as cores vivas.
A delicadeza é mesmo a característica principal de uma flor.
A gentileza é o melhor perfume que uma flor pode dar.
Porque as pessoas, tal como as flores, valem pelo que emanam e pelo que são e não pelo que aparentam ser ou idealizamos que sejam. Porque devemos avaliar as pessoas pelo que elas dão e não pelo que gostávamos que dessem ou tivessem dado.


Nunca escondas dos outros a tua verdadeira essência, por mais disparatada que a julgues.


PORQUE TU VALES PELO QUE ÉS E NÃO POR AQUILO QUE APARENTAS SER!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O imposto toca a todos

E ainda nos ousamos chamar de sociedade moderna!
Como têm visto pelos assuntos dos textos anteriores, o mundo actual não está assim tão modernizado quanto isso... basta ver que a democracia já vem da antiga Grécia, que as desigualdades sociais já vêm desde que o ser humano tomou sentido de posse, que o conceito de família sempre existiu e que a demagogia nasceu com a democracia... a juntar ao conjunto de práticas rústicas de uma sociedade dita moderna, vou juntar os impostos, também igualmente obsoletos...

(às vezes pergunto-me como podemos ser uma sociedade moderna se as nossas práticas ainda são rudimentares...)

Apesar do título, não me vou centralizar exclusivamente nos impostos, mas sim em tudo o que for responsável pelos nossos gastos excessivos de dinheiro, pelo menos sem que nos demos conta...

Não sei se já repararam, mas se não (e o objectivo é mesmo esse) notem que grande maioria dos preços que vemos terminam em 9... e têm o valor em euros mais saliente e o valor em cêntimos, quase sempre 99, em números mais pequenos. Isto, sim, é uma autêntica armadilha para as pessoas mais distraídas, portanto, aqui vai um conselho: quando forem às compras, olhem primeiro para a direita, ou seja, para os cêntimos (é um dos raros casos em que olhar em frente não é muito benéfico), vão ver que saem da loja com metade da carga com que sairíam se olhassem para a esquerda.

Más notícias para os que não gostam de Matemática: a regra de três simples é essencial nesta altura do campeonato! Isto porque somos capazer que ver, por exemplo, um conjunto de 4 pilhas a, por exemplo, 50 cêntimos (lá longe, onde os sonhos são reais) e outro ao lado, mas um conjunto de 6, por 1 euro. Se formos a usar a tal regra e usarmos princípios de proporcionalidade, no primeiro caso cada pilha poderia valer 12 cêntimos, aproximada e individualmente, logo no segundo conjunto o preço total deveria ser 75 cêntimos, mais coisa menos coisa... logo a compra ideal seria adas 4 pilhas em vez das 6... (infelizmente, muita gente levaria o conjunto de 6).

Comparados com os outros países europeus, Portugal tem salários bastante baixos... e, como se não bastasse, enchem-nos com tantos impostos que já se lhes perde a conta (poderia fazer mais facilmente uma breve descrição dos impostos existentes durante a Idade Média, mas é praticamente impossível memorizar todos os actuais...).

Creio que Portugal segue à letra aquele célebre ditado que diz: "No poupar está o ganho". Mas este ditado só é verdadeiro a nível individual, não nacional... isto porque, se entramos numa crise económica e financeira, a culpa é da não-circulação da moeda, porque as pessoas gastam pouco (porque ganham pouco, efectivamente). Ninguém tem dinheiro para gastar, logo a moeda não circula... e entramos em crise.

Mais uma vez, não me posso alongar... estou numa altura do ano um pouco apertada. Só sei que nem sempre guardando o dinheiro para nós podemos escapar à pobreza...

Precisamente porque o imposto toca a todos.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Quando o poder vem de baixo...

Os últimos acontecimentos, nomeadamente a nível escolar, têm-me feito pensar naste assunto...
Mas qual a origem do nosso poder, do nosso sucesso?

Supostamente, ambos deviam ser resultado do nosso esforço...

Mas nem sempre assim acontece.

Há diversas razões que me levam a dizer que muito poder vem de baixo. Aliás, segundo a minha teoria, a sociedade sempre assentou numa base que, durante séculos, foi considerada a menos poderosa: o povo.

Se repararmos, aqueles grupos considerados poderosos nada seriam sem a ajuda de um grupo mais fraco; porque todo o poder que possuem vem de baixo...

É errado dizer que nós, as pessoas normais, não temos poder; pelo contrário, somos nós que erguemos os edifícios, que trabalhamos, ganhamos dinheiro que gastamos e possibilitamos a circulação da moeda... somos nós que colocamos as elites nos seus postos, porque sem os nossos votos e apoio nada eram (e eles sabem que precisam de nós).

Desde sempre as classes mais poderosas precisaram de nós e domaram-nos bem; somos em maior número e com grande força, o que seria perigoso... e durante séculos fomos subjugados, pensando que teria de ser assim, que era a ordem da sociedade... Hoje vemos que essa indispensabilidade nos torna mais poderosos que as classes ditas privilegiadas... porque precisam de nós; somos indispensáveis. SOMOS OS PILARES FORTES DA SOCIEDADE.

Hoje escrevi pouco (para variar), devido a falta de tempo... voltarei com mais calma para breve com mais um assunto que, espero, corresponda às vossas ideias e maneira de ver a sociedade... Mas lembrem-se:


YOU'VE GOT THE POWER!!!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A síndrome da demagogia

Olá!
Depois de alguns dias, decidi voltar a falar de assuntos conscientes e racionais... Não que os outros não sejam, mas, como disse um escritor cujo nome não recordo, "O coração tem razões que a própria razão desconhece.".


Hoje venho falar da síndrome da demagogia (tal como o nome indica, é uma bactéria e que, pelos vistos, se está a espalhar a grande velocidade, se bem que é tão antiga como o tempo).

Aquele que pratica demagogia é o demagogo.

E o que é a demagogia? Vou procurar defini-la muito sucintamente.

Voltemos à antiga Grécia, o "berço das ciências e das artes", por assim dizer e a introdutora da democracia na sociedade actual. Se havia algo que tinha importância na aprendizagem de um jovem, era a arte da oratória, ou seja, a arte de convencer os outros a aceitar os seus pontos de vista através da palavra. Os oradores tinham sempre o direito de, na assembleia dos cidadãos, Pnyx, expôr os seus pontos de vista. No entanto, a oratória, de certo modo, levou à formação da demagogia. Esta palavra vem o do grego e significa "condução do povo". Aquele que faz promessas irrealizáveis e sem fundamento verdadeiro para o futuro apenas para conseguir o apoio popular é o demagogo.

É, tal como disse: a demagogia é algo muito antigo. Creio que, actualmente, mais do que na antiga Grécia.

E já não falo só das promessas irrealizáveis dos principais dirigentes, mas também dos discursos complicados e que dizem, basicamente, sempre a mesma coisa. As pessoas não votam apenas por quele que promete o melhor porque, de certo modo, todos prometem o mesmo, mas sim pelo que fala melhor. Alguns discursos não são muito entendíveis mas, pela sua complexidade, achamos estar a ouvir uma grande coisa, ainda que não saibamos bem o quê.

Gosto muito do meu país; aliás, tenho um grande sentimento patriota e nacionalista. Mas que o nosso país está cheio de problemas e a todos os níveis, está, nomeadamente económico e no que trata ao mercado de trabalho. Supostamente os nossos dirigentes deviam estar a discutir e a arranjar soluções para esses problemas.

Mas não é isso que vemos nos seus discursos. Em vez de, por uma vez, discursarem sobre os problemas do país, não: nos seus discursos, em vez de ouvirmos soluções, ouvimos as querelas entre os vários partidos políticos, as crises dos partidos políticos, os políticos a cortarem constantemente a casaca uns aos outros, a debater assuntos relacionados com o PS, PSD, CDS-PP e os seus problemas... mas o que é que nos interessa que determinado dirgente tenha feito no partido ou deixado de fazer, que o PS seja rebaixado pelo PSD e vice-versa, que é que nos interessa o que um político diz que faz ou que não faz quando todos dizem a mesma coisa, que é que nos interessa as crises internas que estão a passar com os seus chefes que rivalizam com fulano e que se ofendeu porque cicrano lhe ditou o que deveria fazer ou criticou o partido a que pertence? E enquanto eles lamentam e discursam os SEUS problemas internos, o país vai ficando à míngua. Então e os NOSSOS problemas? Os NOSSOS, os dos simples cidadãos que pouco ou nada podem fazer para melhorar a vida que têm porque não têm poderes para isso? Por algum motivo elegemos chefes políticos...

Não tive muito a dizer sobre o assunto, apenas quero salientar que a demagogia é uma epidemia que alastra sobretudo às pessoas relacionadas com a política, que bom para nós, que não sofremos contágio.

Já agora, espero que a música que eu escolhi não vos tenha distraído muito a leitura, já que distraídos todos andamos quando chega a altura de colocar nomes nas urnas.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Corazón


No puedo mirar

porque solo veo oscuridad;

no puedo sentir

porque se queda el dolor;

no puedo hablar

porque el frío me ha quitado la voz;

no puedo oír

porque solo oigo mi corazón llamar tu nombre

lo que parece imposible

porque no tengo corazón

si no un espacio vacío

en el lugar donde batía

por un rayo de Sol

que ha venido a librarlo de la lluvia

y le diese sentido de existir...


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Não será extenso... pelo menos com a quantidade e mistura de sentimentos que tenho dentro de mim, isto será bastante breve... isto porque também tenho o objectivo de seguir os dia pelo caminho que tem de ser e isso não tem de ser como a gente sempre quer. Muitas vezes há que fazer o que não se quer para levarmos a vida por diante... e isto se queremos levá-la, pelo menos, minimamente bem.
Não sei por onde hei-de começar... foram tantos os anos!... Treze, para ser mais exacta... e treze anos não se avaliam de um momento para o outro.
Mas talvez já tivesse que ser! A vida é estranha e digo-o por causa do meu nascimento, igualmente estranho... eu tinha de ter começado a nascer justamente à porta desse lugar de onde quero desaparecer... isto porque não posso ficar...
E, ironia, tinha de regressar a esse sítio três anos mais tarde... tu, igualmente... duas excepções à regra... Para ainda mais ironia minha, não bastava já esse ponto e ainda tínhamos de ingressar no mesmo colégio no mesmo ano de novo... Tinha de ser, não sei porquê, mas tinha.
Durante anos da minha vida não quis saber... para mim, havia pessoas mais importantes... e não via, ou pelo menos, fingia que não queria ver, ainda que soubesse... Eu tinha consciência disse, mas passava incólume e como se não soubesse de nada... no fundo, mentia a mim mesma...
E como isso me saiu caro! Tinham de passar treze anos para ser a minha vez de te olhar de outra maneira... mas creio ter chegado demasiado tarde...
E, no entanto, durante treze anos, tínhamos de ter vidas iguais... E éramos para seguir caminhos iguais...
Mas eu não posso...
Ainda que tenhamos jeito para as mesmas coisas, ainda que gostemos das mesmas coisas, ainda que façamos as mesmas coisas, eu não posso seguir o mesmo nem ter os mesmos projectos... ainda que queira e os tenha...
Desde o início deu para reparar, somos bastante semelhantes e isso até que tinha piada, tanto para nós, como para as outras pessoas, nomeadamente professores, que passavam as aulas a fazer (imagine-se!) um paralelo entre nós os dois... com o tempo, isso deu ligar a uma espécie de competição... entende-se...
Mas, mesmo que queira, não posso caminhar na mesma direcção, por dois motivos muito simples: o primeiro, é que, ao contrário de ti, eu não tenho apoio para isso e toda a gente me puxa para trás e me empurra para outros sentidos; o segundo é que vou deixar, por isso, que a Vida me surpreenda nesse aspecto, como tem feito até agora... se, de facto, eu tiver de seguir o mesmo caminho, ela dará o seu sinal, como deu no meu nascimento... só tenho, pura e simplesmente, de esperar... Se, de facto, o meu destino for o mesmo que o teu, ela vai acabar por dizer-me de alguma maneira... por enquanto, vou-me deixando ir, talvez um pouco ao sabor do vento que bate e isso nem é sempre bom, aliás, talvez nunca seja...
Mas tudo indica que não. Até posso estar enganada mas, ao que vejo, não parece que isso vá acontecer... e, por isso, estou disposta a esquecer tudo, que não posso viver no passado, por mais agradável que seja...
Vou esquecer tudo... vou esquecer as constantes apostas antes dos teste a ver quem tirava 19 (também, nesse aspecto, éramos tontos, quem dera a muita gente tirar 19, os outros nem passavam o 15)... vou esquecer os Sábados de manhã e aqueles ensaios em que combatíamos, também porque o gosto pelo desafio tinha de ser comum, para ler as pautas ao contrário e os sermões do professor porque, no seu dizer, não estávamos calados um minuto que fosse (também vou esquecer aquela vez em que eu me parti a rir na fila de trás porque, inconscientemente, começaste a dançar em cima do palco enquanto cantavas, mas isso é mesmo para esquecer). Também vou esquecer aquela vez em que apostaste que fazias uma sonata em 3 minutos e, nesse tempo, fizeste apenas 3 sistemas, no caminho para Tormes.
Mas, agora falando em esquecimentos mais sérios... também vou esquecer as vezes que ficámos fechados no audiório porque (até nisso tínhamos de ser iguais) nunca ouvíamos o que professor dizia... mas, se até era para ser algo mau, até acabava por ser agradável (sobretudo as palemices com os discos, mas isso já é mais complicado).
Vou esquecer as vezes em que me irritavas de propósito para eu ir a correr atrás de ti e as vezes em que te escondias de propósito para me fazer revirar o edifício do avesso... vou esquecer também as vezes em que ficámos numa sala a tocar piano à vez, o passeio pela serra e as vezes que me escondi em salas escuras para não ter de me ir embora… vou esquecer a camélia que recusei e as vezes que te pedia para assistires a um recital, concerto ou exame e que recusavas, dizendo que não podias… mas, nunca to disse, sempre que eu olhava para a entrada, conseguia ver os teus olhos a espreitar pela porta entreaberta… vou esquecer as alturas em que te sentavas ao meu lado no mesmo banco do piano a tocar as mesmas músicas ao mesmo tempo que eu…
Estes são exemplos das coisas que quero esquecer, nomeadamente o que significaste para mim… porque, para mim, foste como um raio de Sol que entrou na minha vida e que iluminou o meu coração…
Mas o tempo não pára e tinha de me trazer a este ponto, o de me acobardar e de dizer o que já devia ter dito à tanto tempo… De que me vale dizê-lo agora?
Apenas me vale como consolo, como meio de alívio do que tive tanto tempo entalado no peito…
Só sei que, por vezes, ainda me escondo naquela sala às escuras e toco no piano as músicas do costume, apenas iluminada pelas luzes da rua que passam pela janela. Porque qualquer meio me serve para voltar atrás um tempo, nem que não o faça de todo, porque agora estou sozinha… E sinto um frio e um vazio tão grande que até parece que um coração que já não tenho (onde parará ele, onde estará) se volta a converter de uma névoa de gelo como esteve durante tanto tempo durante treze anos…
Creio ser hora de me despedir. Não sei o que me reserva o futuro, se eu seguir apenas o que ele me indicar… E assim fica, cada um para lados diferentes, por uma vez na vida…
Confesso que sinto a tua falta… já lá vão, pelo menos, oito meses. Mas, quem sabe, pode ser que um dia, uns anos mais tarde, como no início, eu te volte a encontrar sem querer, talvez por coincidência, na mesma sala… Não interessa o que estarias lá a fazer nem por que razão eu teria entrado… só interessa que, nessa altura, te vou fazer outro convite, não para um recital ou concerto, mas para nos sentarmos e tocarmos as músicas do costume…

Até sempre.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

SIM

Às vezes espanto-me... como é possível o tempo passar tão depressa?
Estamos quase a 11 de Fevereiro... e, nesse dia, faz precisamente um ano... há um ano atrás, estavam a saber-se os resultados de um polémico referendo relativo ao aborto.
Ainda me recordo como se tivesse sido ontem: as constantes propagandas televisivas, as notícias de jornal... os debates orgazinados em Estudo Acompanhado ou mesmo Formação Cívica... e quem poderia esquecer as aulas de Moral? Então essas...
Já vai fazer um ano que eu estive sentada no sofá da casa do meu pai com umas bolachas de chocolate sobre uma mesinha enquanto aguardava os resultados... já vai fazer um ano que eu olhei, expectante, para os resultados que iam aparecendo gradualmente no jornal da RTP... já vai fazer um ano que ganhou o SIM...
Segundo as estatísticas, no Sul o SIM ganhou praticamente por unanimidade, enquanto que no Norte predominava o NÃO... mas a população nortenha não foi suficiente...
Nunca esquecerei a reacção da minha turma no dia seguinte... os ânimos estavam em alta e todos protestávamos contra os resultados... mas não havia nada a fazer, o que está feito, feito está.
O voto do SIM ao direito de abortar foi, para mim, um atentado contra a vida humana... hoje parece que nos preocupamos mais com os mais velhos e não é que não tenham esse direito, mas devíamos também torcer pelas gerações vindouras... porque o futuro da Humanidade está nos que nascem...
Na televisão, ainda triste com o resultado, vi uma actriz dizer que tinha sido óptimo, porque assim as mulheres tinham liberdade de escolha...
Mas liberdade de escolha de quê? De decidir quem vive e quem morre? De decidir sobre o direito à vida que todos têm? As pessoas que pensam desse modo não pensam que podiam ter sido elas a ser vítimas de um aborto decidido pelos pais...
Desde sempre o Homem não respeitou a Vida humana... não respeitou a vida humana quando exigiu escravos e servos para si, não respeitou a vida humana quando extreminou populações para proveito próprio... não respeitou a Vida humana quando exigiu que os outros povos fossem à sua imagem e semelhança, não respeitou a vida humana quando recorreu ao Holocausto, não respeitou a vida humana no dia 11 de Setembro de 2001... e não respeitou a vida humana quando escolheu o SIM.
Se pegarmos no raciocínio da religião, a Vida, é Deus quem a dá a cada um de nós... e ninguém tem o direito de roubar o que não é seu, ninguém tem o direito a ter poder sobre o que é dos outros... e ninguém tem o direito a decidir quem vive e quem morre. Não podemos decide sobre o que não nos pertence...
Porque todos temos direito à Vida... e não é justo privar os outros desse direito.

Gostaria que, já que estamos todos tão empenhados nos direitos dos outros, como o chamado direito ao aborto, se criasse também um referendo intitulado de: Um ser que ainda vive no ventre de sua mãe tem o direito de se chamar uma criança? E este blogue é pelo SIM no referendo! Este blogue é pelo SIM à igualdade de oportunidades, neste caso, de viver. Este blogue é pelo SIM no referendo pela Vida!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

"No Carnaval, ninguém leva a mal"

Olá outra vez! Deixem-me avisar-vos que este texto é atrasado e que, supostamente, é do dia 1 de Fevereiro (ou seja, muito atrasado).
A julgar pelo título e pela época do ano que se vivencia, só me poderia sair com um assunto destes, o Carnaval.

Pessoalmente, adoro o Carnaval. E, ainda que as irmãs do colégio digam cobras e lagartos sobre ele afirmando-o como uma festa pagã, devo lembrar-lhes que tal não acontece, que o Carnaval é uma festa apenas praticada por cristãos e que marca os 40 dias antes da Páscoa que, também por acaso, é um dia puramente cristão...

Como disse, adoro o Carnaval. Mas o Carnaval que assinala os 40 dias antes da Páscoa, não o Carnaval de todos os dias...

Sim, porque todos os dias são um autêntico Carnaval! Os disfarces, esses, são ainda mais variados...

Estamos numa altura em que o Carnaval deixou de ser num dia específico. À semelhança do Carnaval de Veneza, ninguém sabe quem se esconde por detrás da máscara. Muito mais na nossa idade, a adolescência... e tudo porque somos ingénuos...

A televisão, ainda que seja um meio transmissor de cultura, consegue ser a maior inimiga de um adolescente, ou, pelo menos, uma das maiores... Porque, para além de transmitir cultura, também uniformiza os gostos e cria novas formas de estar... no caso dos jovens, à semelhança das suas personagens favoritas.

Este não vai ser um texto extenso, muito pelo contrário. Aliás, até porque não há muito a dizer sobre este assunto, que já abordei anteriormente. Este serve apenas como complemento. Mas que a sociedade está um Carnaval pegado, está!

Escusado será dizer quem são as personagens das fantasias carnavalescas. Se antes num Carnaval normal eram as princesas, os piratas e outras relacionadas, agora o Carnaval dura 365 por ano e as personagens são integrantes de séries televisivas. Como somos adolescentes e, como tal, procuramos uma identidade, identificamo-nos com esta ou aquela personagem passando rapidamente a falar e vestir do mesmo modo. Mas é algo efémero, porque, mal passe a onda desta ou daquela série, outras virão ocupar o seu lugar e novos disfarces virão consigo. Isto porque a maior parte dos jovens não tem personalidade própria.

Hoje em dia, não apenas nos jovens, é muito difícil conhecermos alguém fiel à sua maneira de ser. Lidamos mais com foliões carnavalescos do que com propriamente pessoas que temos a certeza conhecer... E muitas vezes confudimos isso, já que a maior parte é capaz de chamar amigo àqueles a quem troca uma dúzia de palavras diárias. E o mais triste é que essas pessoas nem se devem conhecer a si mesmas! E sou da opinião de que, se não somos capazes de nos conhecer a nós mesmos, nunca seremos capazes de conhecer os outros. É como aquelas pessoas que viajam todos os anos para conhecerem novos países sem terem conhecido o seu primeiro. E devo dizer que essa prática leva a maus adultos, que nunca terão opinião própria e serão assim mesmo, andarão ao sabor do que se puderem agarrar para tentarem arranjar uma réstea de personalidade plastificada...

Não sei se esta carapuça serviu a algum dos leitores deste texto. Mas, se servir, não se chateiem comigo nem fiquem ofendidos; aliás, é Carnaval 365 por ano e, como se costuma dizer, "no Carnaval, ninguém leva a mal".



Post scriptum:
João Carlos Dias Poiares, pensei em ti para pôr esta música!


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