domingo, 5 de outubro de 2008

A agricultura portuguesa: problemas estruturais e oportunidades

"O principais problemas estruturais da agricultura portuguesa dificultam o aproveitamento de muitos pontos fortes que podem favorecer o seu desenvolvimento."

Se não olhássemos apenas à agricultura, podíamos constatar que em tudo acontece situação semelhante: por muito bons que sejamos em algum ofício, se não o trabalharmos ou estudarmos, nada poderemos fazer. Uma pessoa até pode ter jeito para a pintura, mas se não se desenvolver, ficará sempre apenas com as noções básicas.

O mesmo se passa com a agricultura portuguesa. Acontece que Portugal está muito dependente do comércio externo dos produtos agrícolas; nós, portugueses, importamos mais do que exportamos. É raro o produto em que isso não acontece. E, no final, podemos constatar que o balanço comercial português é negativo.

Por muito boas condições que tenhamos, se não tivermos meios capazes de as aproveitar, de nada nos servem. Isto refere-se ao facto de Portugal ter óptimas condições climatéricas, visto termos uma situação geográfica privilegiada, criando ambientes propícios para a agrocultura, em especial mediterrânica. Também se verifica uma crescente utilização da água para a rega e sempre mostrámos potencial na produção de produtos tão variados como azeite, vinho, produtos florestais e produtos horto-agrícolas; a juntar a esse ponto, conseguimos produzir produtos de grande qualidade. E, como todos nós somos "verdes" à nossa maneira, cada vez mais se verifica um aumento no que trata às maneiras ecológicas de produção.

Pois, temos bastantes potencialidades, ainda que achemos, por vezes, que o nosso país não tem condições. Mas estas não podem ser aproveitadas, pois Portugal enfrenta obstáculos que impedem o aproveitamento dos nossos pontos fortes. Um deles é o predomínio de explorações agrícolas de pequena dimensão, o que impede a modernização da agricultura (caracterizada por máquinas de grande envergadura) e produz menos. Outro ponto é, sem dúvida, a demografia: cada vez mais os jovens saem do interior para o litoral e tiram um curso superior (abandono dos espaços rurais), deixando no interior uma população cada vez mais envelhecida e, muitas das vezes, com baixos níveis de alfabetização cuja única profissão a que podem aspirar é a agricultura, visto que têm de ganhar a vida de algum modo e é, muitas vezes, a única profissão que conheceram dos pais. Como os agricultores têm baixa instrução, não se encontram aptos para utilizar técnicas agrícolas mais sofisticadas. Além do mais, temos o facto de as zonas rurais terem um baixo nível de adesão às novas tecnologias. Mas o problema não se encontra apenas nos agricultores: Portugal é um país caracterizado pela falta de competitividade externa, o que leva a que, nos mercados externos, os produtos agrícolas portugueses sejam vistos como de fraca qualidade, ainda que não o sejam. Agora o ponto a que eu acho mais "graça" é o facto de os portugueses não saberem aproveitar bem os solos. Eu explico. Podemos ter o solo A e o solo B. O solo A tem aptidão para , por exemplo, trigo e o solo B tem aptidão para arroz. Ora acontece que os portugueses raramente tomam atenção a isso, sendo bem capazes de no solo A plantar arroz e no solo B, trigo, quando devia ser o contrário. Depois os solos, como têm culturas não muito apropriadas, produzem menos ou podem ainda ficar estragados, o que leva a um aumento do espaço infértil (desertificação).

Ainda que, muitas vezes, o nosso país seja visto como incapaz em muitos sectores, o certo é que nem sempre a culpa é do país. Basta ver pelo exemplo da agricultura portuguesa; a culpa da nossa fraca produção não é do país, ou seja, dos nossos solos ou dos nossos recursos, mas de quem os aproveita. É o meu ponto de vista. Agora sem falar apenas na agricultura, mas sim no geral, na certa podemos encontrar muitas outras potencialidades que o nosso país tem. Se calhar não somos um dos países mais pobres da Europa, pelo contrário, se calhar andamos a portar-nos como meninos ricos que têm demais e, por isso, não aproveitam o que têm. Senão, como se explica o facto de haver países com menos potencialidades que nós e que são mais desenvolvidos? Porque, precisamente por nada terem, criaram um ideal, um ideal de desenvolvimento e que, na certa, custou muito trabalho a ser atingido.

... Talvez o grande problema português seja a falta de ideais, objectivos... Talvez o grande problema português seja o de depositarmos tudo em cima dos políticos e ficarmos de braços cruzados e, quando as coisas acontecem, depositarmos as culpas para os superiores, equecendo-nos que, no país liberal e democrático que é PORTUGAL, quem detém o poder não são os nossos superiores, mas o POVO que os elegeu. Pois desde sempre foi o POVO quem conferiu poderes aos líderes do país.

Vamos deixar de estar sentados e esperar que sejam sempre os outros a fazerem as coisas. Porque, se todos pensarem assim, quem as fará? Vamos, também nós, construir um ideal e trabalhá-lo, e desse modo, criar novas oportunidades para as gerações vindouras. Vamos deixar de adoptar como melhor o que é estrangeiro pelo que é nacional...


VAMOS TORNAR ESTE "CANTINHO À BEIRA MAR PLANTADO" UM POUCO MAIS FLORIDO!

4 comentários:

Carla disse...

a net roubou-me o 1º comentário deixa lá ver se este fica.
Muito bom o teu post, mas infelizmente são mesmo problemas estruturais os que afectam a nossa economia e a nossa sociedade. Problemas que passam por uma questão de mentalidades e de baixa produtividade. Sem uma mudança radical nestas duas áreas dificilmente Portugal conseguirá ter um lugar de topo...talvez com as gerações futuras, onde tu te incluis, seja possível inverter esta tendência.
beijos e boa semana

Débora Val disse...

São problemas tão profundos que nem sei se serão resolvidos algum dia...

poetaeusou . . . disse...

*
demo<<<>>>cracia
,
povo ao poder, onde ???
,
buzios sonantes, deixo,
,
*

Anónimo disse...

Ola

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