quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A OCIDENTE versus TODOS A OCIDENTE

Agosto, tempo de férias! Portugal, destino de inúmeros turistas do norte da Europa que procuram o nosso clima agradável face às condições climatéricas dos outros países! Algarve, parte do território nacional que cada vez mais se torna uma região estrangeira!

Vou começar pelo princípio.

Há 4 anos estive, pelo Natal, na GALIZA, Santiago de Compostela (é que não era, nem Castela, nem Catalunha, era GALIZA, onde a língua é um espanhol aportuguesado, a meu ver) e, como me deu a fome, entrei num café tipicamente do século XIX (de certeza que a idade esteve incluída no preço, se é que me faço entender, era caríssimo, soube-o no fim). Atendeu-me um empregado sorridente que perguntou o que eu queria, ao que eu respondi:
- Uma torrada.
O empregado afastou-se. E, juntamente com ele, o tempo também. Passou meia-hora, quarenta e cinco minutos, uma hora... e nada da torrada! Por isso fui ao balcão investigar. E comecei:
- Eu tinha pedido uma torrada há uma hora atrás e ainda não fui servida.
- Ah! Es que no lo hemos entendido y, por eso, nada fue hecho.
- Uma torrada?
- No comprendo.

(mas a minha frase de reclamação compreenderam bem, lá isso é verdade)

- Torrada? Pão torrado?

O empregado abanou a cabeça. E eu não sabia como havia de dizer. Por isso, atirei sinónimos:

- Pão torrado? Pão quente? Pão queimado? Não, isso também não. Pão tostado?

- Ah! Una tostada! Sí, algo más?

...

Bem, creio que já todos conhecem o típico modelo espanhol, grande orgulho pelo seu idioma e as constantes traduções de filmes pois não aceitam legendas. Tudo em espanhol, por favor, parecem dizer (no mesmo dia, no hotel em que estive, liguei a televisão e deram vários filmes ingleses... dobrados em espanhol). No entanto, há neles um sentimento que falta aos portugueses: o nacionalismo.

...

Situação totalmente diferente encontrei em Portugal. Estive no Algarve e, também devido a fome, entrei num restaurante. Peguei no menu...
Não sei se os outros restaurantes eram iguais, mas aquele menu estava em inglês! Nem português tinha! Devo dizer que perdi o apetite...
Esqueci de dizer que o Algarve é o destino preferido dos turistas (pessoalmente acho que há destinos mais interessantes e com mais cultura) nomeadamente... dos ingleses.
Pois é! O português sempre foi assim: não sei se devido a complexos de inferioridade por habitar um país pequeno e ainda por cima na cauda da Europa, o que o torna um pouco "aparte" (pelo menos ele assim o pensa) mas sei que se deixa arrastar que nem um cordeirinho pelo estrangeiro (quantos portugueses ouvimos todos os dias a vangloriar o estilo de vida estrangeiro!).
Mas sempre fomos assim. Quer dizer, os portugueses são aquelas pessoas que tentam mostrar ter muito quando não têm nada. Citarei o século XIX mais uma vez.
O século XIX em Portugal foi péssimo; fomos devastados pelos franceses, imensas pessoas partiram para outros países e vivia-se um período de miséria em que as pessoas morriam de fome na rua. No entanto, tanto pobres como ricos gastavam balúrdios de dinheiro. Em quê? Sei que parece brincadeira mas é sério, com História não se brinca, mas mais do que comprar comida com o pouco que tinha, o português gastava fortunas em... ...
...
...
... em óculos...
...
Isto é verídico. E porquê?
Porque, a seu ver, os óculos davam "classe" a qualquer pessoa e faziam-na parecer ter e ser mais do que aquilo que tinha e era. Até as pessoas com boa visão não dispensavam uma colecção de óculos para usar em locais públicos, mas sabem como é, noblesse oblige, ainda que seja não ver um palmo à frente do nariz. Aliás, isso teve influências no estrangeiro: em França, às pessoas que gostavam de óculos e tinham vários diferentes dizia-se: "Pareces um português!"... E não era uma apreciação boa, na certa...
Depois vem o acordo ortográfico. Objectivo (dizem): diminuir os erros de ortografia, tirando letras que não se lêem e adaptando a escrita à pronúncia. Como metem piada! Não é por tirarem os "h" e alguns "p" e "c" que adaptam a língua à pronúncia; daqi a pouqu tomam uma medida máix radical i mudam pur qompletu ax palavrax, mudam-nax pur inteiru, assim sim, vamux adapetar a língua à prunúncia, na exqola, agora é qe ux prufeçorex nãu vãu máix ter trabalhu a qurrijir ux errux urtugráficux. Vêem? Isto é que é a adaptação da língua à pronúncia! Mas isto eles não adaptam!
Um dia acordo, visto um fato e entorno café por cima, o que é um fato aterrador para um fato. E isto do acordo ortográfico é um fato irritante. E não só: um dia acordo e o acordo lá levou os acentos consigo.

A língua deve ser independente dos falantes e, como os seres vivos, muda com o TEMPO. A evolução da língua deve ser algo natural, até porque com o acordo perdemos grande parte da nossa herança latina e árabe.
Agora querem mudar o nome Algarve (a Ocidente) para Allgarve (todos a Ocidente). Pronúncia inglesa incluída.

Penso que devíamos urgentemente rever as nossas prioridades, com assuntos a sério ninguém se preocupa e aprender que o patriotismo não é só para o Futebol. E, se gostamos tanto do que é estrangeiro, imitá-los um bocadinho nesse aspecto, aliás, em Inglaterra há imensas cidades mas nunca vi nenhuma que se chamasse Londres...

...London, talvez...

2 comentários:

Eu disse...

Olá :D

Iniciaste o teu texto com a história da torrada: 1º porque esperaste 1 hora? :O
2º Eles estão certos, porque nós temos a tendência de falar a língua do país onde estamos, e isso só demonstra a nossa inteligência acima da média, e também um pouco de submissão, e passo já a explicar.
Acho que qualquer português já conhece a típica frase "No comprendo o "no te entiendo". Depois segue-se a parte em que nós damos cambalhotas, gesticulamos e mudámos uma letrinha e faz-se luz. E assim vêmos que a nossa inteligência ou é acima da média ou eles não querem aprender, ou nós temos que ser como eles.
Falaste do Algarve, que na minha opinião é o exemplo perfeito, embora comecem a haver muitos Algarves por todo o Portugal,porque qualquer dia não é Algarve é Allgarve ou All Garve não interessa, porque quem tem que entender não somos nós portugueses, são os turistas, eles é que vivem no nosso país, eles é que pagam impostos, eles é que aturam durante um ano inteiro muita coisa, e depois coitados têm que ser bem recebidos em Portugal, são trabalhadores ...

Falaste do complexo de inferioridade por Portugal ser pequeno. Portugal pode ser pequeno, mas tamanho não é documento, e se não fosse a bondade portuguesa o mundo podia ser nosso, e talvez existisse o mesmo problema.
Agora até colocam as culpas em Salazar, pobre coitado que já morreu, qualquer dia é chamado a tribunal porque causou traumas.
Mas Espanha também teve Franco e tem problemas deste tipo?

O povo português quando quer consegue ser aberto, mas parece ter receio, de quê não sei, mas já estive noutros países e devo-te dizer que as pessoas são muito mais abertas, faladoras, e têm a ideia que somos fechados, com razão, e isso começa pelas atitudes que temos mesmo em relação ao nosso país.

Já estiquei demais, ainda tenho mais a dizer, mas não quero competir contigo em relação à dimensão do texto.
Beijinho, e parabéns pelo texto.

Fábio disse...

Olá, era só para te dizer duma forma muito resumida :) que gostei bastante das tuas obras, mesmo muito interessante da para notar a tua instância e dedicação nessas tão belas palavras :) ah e sobre este artigo das modificações e pretextos do "povo português" em relação a escrita é mesmo muito verdade e sou testemunha do assunto pois para mim infelizmente estou a emigrar no estrangeiro "propriamente no Luxemburgo" e as pessoas abandonam muito, mesmo muito as suas fontes... Tais como conhecidos os "avec's" que é a tal mistura de idiomas o português e o francês levam a uma grande falta de respeito a cultura portuguesa... Eu intendo que muitos Luso-descendentes que nascem no estrangeiro tem dificuldade em adapta-se a língua materna porque no pais onde estão não falam português ( até la existe uma causa porque eles tem dificuldade ) Mas tipo ire a uma praia ou não sei a onde e ouvir 2 portugueses em Portugal sem a mínima necessidade de falar por exemplo o francês... epa acredita é irritante bastante mas mesmo :s... muitos vem a misturar as lingua tipo "ai Joaquim ontem foi ao hospital e o papel vou mettre no desconto da maladia" maladia!!! tipo malade!!! e ja esses ao misturar a lingua adptam-na duma forma que nem falam portugues nem frances mas sim " avec" ou exemplo " as latas são na poble blue percebes Joaquim " oui cherri"... Sabes no estrangeiro a 2 tipos de portugueses... O "português" e o "pseudo-português", esses mesmo pseudo... já foram "portugueses" mas ai esta o português no seu melhor surreal a dizer mal do próprio pais ...ai esta mau a crise a politica o ordenado e não sei o que... mas quando é para falar do Futebol sabem todo e mais algo coisa... ingenuidade, ingenuidade... o português nunca esta contente com o que tem... gostei de falar contigo visita se poder o meu blog e comenta :) obrigado

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