terça-feira, 12 de agosto de 2008

Carta possível

Hoje de manhã procurei. Espreitei em todas as ruas sem resultado; vasculhei todos os edifícios e nada encontrei; entrei em todas as salas, mas o resultado foi o mesmo.
Acabou a manhã… Mas onde encontrar?
De tarde interroguei as pessoas. Mas ninguém me soube dar informações exactas…
Dantes, era fácil: bastava sentar-me nas escadas, olhar pelas janelas ou acomodar-me em baixo delas… e pensar que, nessa altura, já achava difícil…
Por fim acabou a tarde.
À noite, olhei para as estrelas. Afinal, nunca se sabe!... Mas as estrelas são tantas e estão tão longe! Com apenas dois olhos não consegui procurar em todas as estrelas.
Acordei, em suma, profundamente triste! Em passo lento, subi as escadas de madeira escura.
Entrei na sala às escuras e escancarei a janela, para poder olhar melhor as nuvens do céu e ouvir a chuva a cair no jardim. Sentida comigo mesma, plena de remorso, arrastei o banco para trás e sentei-me. Coloquei as mãos no teclado e os meus dedos deslizaram nas teclas brancas e pretas. Como ruído de fundo, o granizo misturado com a chuva que caía na rua.
Toquei repetidamente a mesma música, até que, finalmente, compreendi. E, na minha boca, senti um sorriso.
Afinal, não era preciso procurar-te tão longe; posso encontrar-te toda a vez que os meus dedos deslizarem nas teclas de um piano.

3 comentários:

poetaeusou . . . disse...

*
lindo,
parabens,
pela sentimental prosa,
,
conchinhas
,
*

Eu disse...

Muito bonito mesmo :O
Por uma pessoa não estar fisicamente perto de nós, isso não significa que deixe de estar ainda mais presente no nosso interior.

Gostei muito :)
Beijinho e continua a tocar.

Débora Val disse...

Bastante bonito. :)

Faço das minhas palavras as da Marta: Por uma pessoa não estar fisicamente perto de nós, isso não significa que deixe de estar ainda mais presente no nosso interior.

E eu sei o que isso é.

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