
De facto, na segunda vez, cometeu um ligeiro engano. Não fora coisa grave. Erros, no fim de contas, todos cometemos. A opinião dos críticos foi mais positiva. Era um bom sinal.
Depois de uma noite de êxito aparente, despediu-se e, calmamente, entrou em casa. Assim, sim, era bela a vida! Levou o gato consigo, atirou a roupa para um canto do quarto, vestiu a primeira camisa que encontrou e deitou-se na cama.
Voltou nessa mesma noite. Não que tivesse algo agendado. Mas também não se lembrava de não o ter.
Entrou na sala como de costume. Tudo correu como de costume. Por fim, levantou-se, agradeceu também como de costume e cedeu o seu lugar.
Mas não conseguiu ficar para assistir. Estava num dia de menos paciência. Esperou pelos aplausos e saiu, silenciosa, da sala.
O corredor estava deserto. Decerto, daí a alguns minutos, teria de voltar à sala para dar umas palavrinhas.
Nem teve tempo de pensar. Antes de o ter feito, já uma lâmina fria e aguçada lhe tinha aberto o peito.
Quando acordou, encontrava-se no chão. Teria sido apenas um susto?
Voltou para a sala. Ouviu chamarem o seu nome e encaminhou-se para a frente.
Oh, quanta monstruosidade! Alguém lhe havia aberto o peito e arrancado o coração!
Estática, apavorada, em pé, não se sabendo viva ou morta, a mulher olhava para o grande buraco no seu peito, todo esventrado e remexidas as entranhas. Das veias rotas saíam vários esguichos de sangue que tingiam de vermelho as faces pálidas dos presentes…
Acordou, estremunhada, branca como a parede. Estava em casa, na cama. O gato a seus pés. Num canto, a roupa que havia atirado. Com um suspiro de alívio, colocou a mão direita sobre o coração. Não estava lá.
Voltou nessa mesma noite. Não que tivesse algo agendado. Mas também não se lembrava de não o ter.
Entrou na sala como de costume. Tudo correu como de costume. Por fim, levantou-se, agradeceu também como de costume e cedeu o seu lugar.
Mas não conseguiu ficar para assistir. Estava num dia de menos paciência. Esperou pelos aplausos e saiu, silenciosa, da sala.
O corredor estava deserto. Decerto, daí a alguns minutos, teria de voltar à sala para dar umas palavrinhas.
Nem teve tempo de pensar. Antes de o ter feito, já uma lâmina fria e aguçada lhe tinha aberto o peito.
Quando acordou, encontrava-se no chão. Teria sido apenas um susto?
Voltou para a sala. Ouviu chamarem o seu nome e encaminhou-se para a frente.
Oh, quanta monstruosidade! Alguém lhe havia aberto o peito e arrancado o coração!
Estática, apavorada, em pé, não se sabendo viva ou morta, a mulher olhava para o grande buraco no seu peito, todo esventrado e remexidas as entranhas. Das veias rotas saíam vários esguichos de sangue que tingiam de vermelho as faces pálidas dos presentes…
Acordou, estremunhada, branca como a parede. Estava em casa, na cama. O gato a seus pés. Num canto, a roupa que havia atirado. Com um suspiro de alívio, colocou a mão direita sobre o coração. Não estava lá.
2 comentários:
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bela prosa,
com ritmo.
,
gostei muito,
,
conchinhas nocturnas, deixo
,
*
belíssimo e dorido texto...afinal há momentos em que todos perdemos o coração
beijos
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