segunda-feira, 28 de abril de 2008

Chegada

E pronto!
Voltei de Madrid! Confesso que já me estava a habituar ao estilo de vida castelhano...
Passou rápido... e, agora que vejo os vídeos da partida, fico a pesar como foi há tão pouco tempo...
É algo que vou recordar durante bastante tempo: sobretudo alguns acontecimentos durante a minha estada em Espanha.
Recordo com alguma saudade o aborrecimento que todos passámos na viagem de 10 horas na camioneta sob um calor abrasador; vou recordar as hesitâncias aquando a nossa chegada ao nos depararmos com gente desconhecida e que ia ser a nossa família por uns dias...
Vou recordar também a ida à "La Champanería", bar totalmente maluco e onde a música quase rebentava os típanos sensíveis dos portugueses (hehehe... sensíveis...). Não esquecerei DE CERTEZA o momento em que o Rui entornou sem querer três copos de vodka que estavam abandonados em cima da mesa nas minhas calças e também não me vou esquecer do esforço que fiz para não lhe partir os copos na cabeça... Não me vou esquecer que saí do bar às 3 da manhã com mais 3 colegas... Achei agradável a conveesa sobre livros e vou ter de arcar com o Rui e o Ricardo a dar-me cabo do juízo até ao fim do ano lectivo por causa de uma rosa...
Prefiro esquecer (ai isso sim) quando me acabou a bateria da máquina de filmar a meio de um passeio, bem como a manhã fatídica antes de entrar para a banheira (humhum... pois... é isso, é) e de como as portas não tinham fechadura (he! vejam lá como é que interpretam!).
Não vou esquecer o concerto, em que no início os instrumentos de sopro se esqueceram de tocar junto com os outros (distracção...) e o professor ficou a olha para eles como quem os ia matar... não vou esquecer a discoteca, muito menos o botellón (o Vasco ficou completamente bêbedo...) nem quando o Rui roubou um copo de cerveja porque queria beber álcool à força (muito menos o raspanete que levou).
Não vou esquecer a noite em que, há 1 da manhã, eu e o David andámos à procura de um café aberto, porque não tínhamos jantado...
Não vou esquecer os espanhóis no dia de regresso que se puseram à volta da camioneta a acenar com lencinhos brancos e com bandeiras espanholas... nem a cena deles a correr atrás da camioneta...
Não esquecerei MESMO o concerto dos espanhóis, em que o maestro apertou as calças com o casaco dentro, mas não reparou (ficava o máximo, com o casaco comprido dentro das calças!).
Não vou esquecer o momento em que, em pleno restaurante, erguemos garrafas no ar tipo bêbedos e começámos a cantar em francês para os espanhóis (hehehe).
Enfim:
foi uma boa experiência e creio que fazia tudo de novo.
Cheguei e quase não reconhecia o local de onde tinha saído... foi tudo tão estranho! E ouvir gente a falar português! Aliás, dormi metade da viagem. Quando abri os olhos, a primeira coisa que disse foi, cheia de sono: "Olha, um C de cedilha... que giro... um C de cedilha em Espanha." "Gabriela... acorda! Estamos em Portugal!". Também não me vou esquecer do pessoal a cantar "Eu nasci assim, eu sou sempre assim... Gabrieeeela!" (por falar disso, espero que gostem da música... é tão fixe ter uma música com o nosso nome!).
De resto, a rosa, ainda a tenho comigo. E procuro mantê-la, como uma lembrança da minha primeira noite em Espanha.
E mais não digo.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Madrid


E pronto!

É chegado o dia em que, finalmente, vou a Madrid participar num evento cultural. E pensar que há dois meses já contava os dias... o tempo voa...

Mas, quanto mais se aproximava a data, menps vontade eu tinha de ir... ignoro o porquê... mesmo assim, só sei que já tinha saudades de tudo e ainda cá estava... estive mesmo para não ir...

Mas porquê? Por que é que tenho de ser assim apegada às coisas?

Então tomei uma decisão... iria a Madrid, não porque desejasse eloquentemente visitar a cidade, mas porque queria entender... entender o que é verdadeiramente importante para mim...

Creio que a distância nos pode dar a resposta a muitas dúvidas que nos assomam a alma... e tudo por causa do poder da Saudade...

Há coisas a que podemos dar muito valor e outras a que nem ligamos. Mas, num momento de ausência, tudo pode mudar; muitas vezes, ao estarmos longe, acabamos por não sentir falta daquilo a que dávamos valor e, para nosso espanto, há coisas que nos passavam ao largo e, subitamente, sentimos falta delas... quando não lhes dávamos nenhuma importância...

Podemos ficar espantados com as nossas conclusões...

E é por isso que vou a Madrid: quero compreender o que é realmente importante para mim... quero sentir saudade, para compreender até que ponto as coisas me são valiosas... só assim lhes poderei dar o devido valor... só assim, quando voltar, poderei dar valor ao que o merece e desvalorizar o que nunca o devia ter tido...

Talvez eu volte diferente... porque acabamos sempre por voltar diferentes de uma viagem, de uma ausência... porque a Saudade molda as pessoas... bem como os seus corações... E talvez o ser-se maleável à mudança seja o mais importante... porque só assim nos adequaremos a nós mesmos e poderemos ser verdadeiramente felizes... sendo, simplesmente,


NÓS!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

My opinion

In my opinion, the human invention that has had the greatest impact ever on society was the mobile phone. Now, most people, when using this invention, forget how to communicate with "real" people and the meetings among friends are changing, because they all use mobile phone.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Como um violino...

Foi na catequese de hoje que me lembrei desta alegoria. Estávamos a falar do propósito da vida humana e sobre descobrir a nossa vocação quando, repentinamente, associei a nossa existência à de um violino. Comecei, portanto, a explicar o meu ponto de vista à irmã Nealtina e agora passo a partilhá-lo convosco.

As pessoas são como violinos... Aliás, as semelhanças são incríveis...

Quando eu falo em semelhanças, não estou a falar no aspecto físico, como seria de esperar, mas nos objectivos de ambos e nos meios utilizados para os conseguir.

O violino é de madeira, que vem das árvores. Do mesmo modo, também o ser humano é um filho da Terra, que se molda com o tempo, pois o violino também é transformado por um luthier.

Um violino pode tocar afinado ou desafinado. Do mesmo modo, também nós podemos agradar aos outros com a nossa música, ou seja, os nossos actos, como também podemos optar por ser desagradáveis e ferir os que nos são próximos.

Muitas vezes as cordas do violino partem. Do mesmo modo também nós cometemos erros. Mas, tal como nas cordas, há sempre alguém que pega em nós e nos põe cordas novas...

Todo o ser humano precisa de um motivo para as suas acções. Esse motivo baseia-se no arco do violino. Sem arco, o violino não pode dar a sua música. Podia-se dedilhar as cordas, mas aí o violino não está a ser ele próprio, está a ser um cordofone de cordas beliscadas como a guitarra e não de cordas friccionadas, como é suposto. Do mesmo modo, as pessoas sem sentido para a vida deixam-se levar pelos caminhos dos outros e não são verdadeiramente felizes, isto porque todos precisamos de um arco, ou seja, de algo que nos estimule a agir.
O arco precisa de resina para criar força de atrito entre ele e a corda, senão esta não vibra. Também a nós não nos basta ter um arco, ou seja, um motivo: precisamos de bases para conseguir os nossos objectivos.

Um violino pode tocar duas ou três cordas ao mesmo tempo. Do mesmo modo, também os seres humanos podem dedicar-se a várias empresas, se tiverem capacidades para tal. Há muita gente multifacetada.

Finalmente (o mais importante), o violino não toca por si só. Precisa de um músico, alguém que o ajude a dar música. Na nossa vida, os músicos costumam ser os nossos amigos e familiares que nos ajudam a seguir o nosso caminho e a mostrar as nossas capacidades. Porque, por muito bom que um violino seja, se não for tocado, nunca mostrará que é capaz.


Foi apenas um pequeno texto e momento de reflexão que se pode aplicar no facto de, no fundo, todos sermos instrumentos tocados pela mão de Deus que, na sua arte, nos usa para espalhar alegria e paz no Mundo.


Tenham uma continuação de bom-dia. E, para terminar, deixo-vos um conselho:


SÊ-DE VIOLINOS.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Artificialismo poético

Hoje, vou mostrar-vos um óptimo exemplo do artificialismo poético de Camões.



Vejamos, o poema tem 4 estrofes. Aqui está o poema, aparentemente de deslouvor.



- Louvando e deslouvando uma dama -



Sois uma dama

das feias do mundo

de todas da má fama

sois cabo profundo

a vossa figura

não é pera ver

em vosso poder

não há formosura.



De grão merecer

sois bem apartada

andais alongada

de bem parecer

bem claro mostrais

em vós fealdade

não há i maldade

que não precedais.



Vós fostes ditada

de toda a maldade

perfeita beldade

de vós é tirada

sois muito acabada

de tacha e de glosa

pois, quanto a fermosa,

em vós não há nada.



De fresco carão

vos vejo ausente

em vós é presente

a má condição

em ter perfeição

mui alheia estais

mui muito alcançais

de pouca razão.



Agora, vamos colocar o poema na sua forma original. Para isso, colocam-se os versos da 2.ª estrofe à frente dos da 1.ª e os versos da 4.ª estrofe à frente dos da 3.ª. Lê-se linha a linha, como num poema normal. Assim, fica:



Sois uma dama de grão merecer

das feias do mundo andais apartada

de todas da má fama andais alongada

sois cabo profundo de bem parecer

a vossa figura bem claro mostrais

não é pera ver em vós fealdade

em vosso poder não há i maldade

não há formosura que não precedais.



Vós fostes dotada de fresco carão

de toda a maldade vos vejo ausente

perfeita beldade em vós é presente

de vós é tirada a má condição

sois muito acabada em ter perfeição

de tacha e de glosa mui alheia estais

pois quanto a fermosa mui muito alcançais

em vós não há nada de pouca razão.



Afinal, bem se pode chamar a isto um poema de louvor e deslouvor!

Depende de como é lido...



Grande génio me saiu este Camões, hehehe...

sábado, 5 de abril de 2008

O SONHO


No meio da noite triste e escura

com o disco lunar redondo, brilhante,

esperançoso, quão dúbio amante,

o terno pássaro, em vão, procura...



As horas passam; a noite continua

perdem-se as penas, os olhos, a vida

a ave jazeu, morta, perdida,

no meio da noite triste e escura...



De cálidas mãos para vil criatura

de urtigas feita, que corta e tortura

de lágrimas claras forma mil defeitos:



eis o rosto daquele que augura

que em pobres rimas mata, enclausura,

meus versos perdidos, meus sonhos desfeitos.


(Non amo te, nec possum dicere quare: hoc tantum possum dicere, non amo te...)

quinta-feira, 3 de abril de 2008


Me acuerdo como si tuviese sido ayer...

Era um día de lluvia, sin Sol, sin calor, sin luz. El repicar de los sinos de la iglesia se oía en la nebula gris y fría. Y los pájaros negros todo vian de sus árboles sin hojas...
Un montón de gente escura y triste caminava vagarosamente por los caminos irregulares de la calle... Se oían murmúrios, sospiros, lamientos... lloros...
El ruído de la puerta del cemiterio helava los huesos y la piel. Y las imágenes de los otros muertos prendían sus ojos en mí, me cumplimentando y me dando las malas vindas...
La piedra... sí, me acuerdo mucho de la piedra: fría, triste, escura... silenciosa, no me decía nada. Y yo solo oía las palabras del sacerdote, lamentoso, con sus ojos en el cielo, pensando cuando podría para de llover...
Las personas se condolieran y, sin ruído, todo escucharon. Pero, poco a poco, empezaron a irse...
Y el cemiterio se quedaba con cada vez menos gente... hasta que no quedó ninguna... ni mismo el sacerdote...

Un gato pasó rápido por cima de mí, derrumbando mis flores sin sentimiento... Pero por qué toda esa pena, toda esa melancolía? Y yo me iba a quedar sola, como siempre había sido. En la solitud, he visto una luz que, mismo poderosa y intensa, no me hacía sentir nada...

No sentía calor, no sentía frío... no sentía alegria, no sentía tristeza...


Pero, en el final, has aparecido. Caminaste hasta mí y e te quedaste en pie sin hacer movimiento alguno... y, despazadamente, ojaste el suelo... más tarde el cielo y, después, mis ojos...


Hoy todo es lo mismo... las personas me veen y siguen su camino ojando el suelo... Y, mientras todos se afastan llorando, yo me río como un perdido en mi tumba...


Roberto Calderón

113