segunda-feira, 31 de março de 2008

Quem sou eu?


Passeava eu no areal
E o mar perguntou:
- Quem és?

És ser em movimento
Com o movimento dos tempos
Entre tempos que se repetem
Sem deixar de ser diferentes.
És igual a tantos, és diferente de outros
És criação, és criador
És animal em mutação.
És alegria, és tristeza
És ilha, és continente
És mudança permanente
Num mundo que se mantém.
És só tu e és alguém.

És tudo, és nada
Personagem inventada
Para a história da Vida
Não entendo,
Não compreendo,
Com tantas coisas sendo
Ainda não entendi quem és…

Passeava eu no areal
E o mar perguntou:
- Quem és?

- Eu sou.

domingo, 30 de março de 2008

O Homem na Lua






- A FORÇA DE ACREDITAR

"Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu já conhecia o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido.

Chegava o mês de Maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido.

E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída:
quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer.

Só sei que tinha o poder de uma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível: era só querer."


Ruy Belo (1933 - 1978)

Ano de 1964. As pessoas fechadas, ou em casa, ou em escritórios, davam a impressão de cidades-fantasma, paradas, silenciosas, cujo silêncio era quebrado por momentos com o ligarde um aparelho televisivo a preto e branco, ou ainda a voz tornada roufenha dos locutoresna rádio. E foi então, com a assistência de milhões de pessoas em todo o Mundo, expectantes, confiantes, que o Homem deu o seu primeiro passo na superfície lunar. O Homem, aquele pequeno animal que, no geral, nem dois metros é capaz de alcançar, aquele animal sem quaisquer características físicas que o tornassem especial, sobrevivendo desde o início dos tempos apenas graças à sua inteligência, chegou ao satélite natural daTerra, ao longo dos tempos alvo de superstições e admiração, mais pela sua distância do que pela sua aparência de disco branco, umas vezes completamente cheio, outras a metade e, também às vezes, uma estreita faixa curva ou mesmo invisível para os nossos olhos.

"Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."

Rómulo de Carvalho

"Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce" (Fernando Pessoa). A chegada à Lua, mais do que um avanço científico, foi a prova do conseguir o que se quer. E essa conquista ficou para perdurar quando o Homem deuxou marcada no solo lunar uma pegada sua, pegada essa que vai ficar por milhares de anos. E sob o céu eterno de estrelas e o nosso planeta azul ao fundo, o nosso Lar, o Homem assinalou o local com uma haste embandeirada, sinal da sua conquista.
O que antes parecia impossível apenas se reaçizou porque o ser humano assim o sonhou e nesse sonho colocou o seu esforço.
Sonho e devaneio não são sinónimos; se o devaneio é fruto da nossa mente inquieta, constantemente em movimento, meras ilusões, ideias soltas sem conexão... já sonhar é sinónimo de acreditar. E nós agimos em função do que acreditamos. Ninguém age contra aquilo que crê ser verdadeiro.

Foi-nos dado o poder de conseguir tudo: desejámos conhecer o Mundo e inventámos a caravela; desejámos voar e inventámos o avião; Alexandre Bell queria fazer a sua noiva ouvir (pois era surda) e, ao tentá-lo, inventou o telefone, que hoje possibilita a comunicação a tempo real entre pessoas separadas por longas distâncias; D. Afonso Henriques sonhou com a independência do Condado Portucalense e assim nasceu Portugal; o Homem desejou alcançar a Lua... e fê-lo.
Chegámos à Lua! Tal feito seria anormal há séculos atrás.

Toda a História tem origem em sonhos. Porque sonhar faz a diferença, por mais pequenos que os sonhos pareçam. Pois estes são como plantas: crescem e dão flores.
Foram os sonhos quederam origem à História. E tudo também porque o Homem, há milhares de anos atrás, sonhou conseguir comunicar com os outros; surgiu a palavra.

A chegada do Homem à Lua foi fruto dos seus sonhos. Agora pensamos pisar o solo de Marte. Será possível? De certeza que sim. Se houver quem lute por esse sonho, ainda neste século marcaremos o solo marciano com as nossas pegadas e exibiremos com uma haste embandeirada a nossa conquista para o Mundo que, mais uma vez, expctante, confiante, se vai encontrar nas suas casas frente ao televisor, agora a cores, assistindo a um novo momento histórico. Porque tudo nos é permitido: é só preciso um pouco de inteligência, preserverança e, mais importante, um sonho. Porque são eles que conduzem a nossa vida.

Sonhar não é partir para o irreal; porque nos sonhos tudo é possível, basta acreditar.
Também tenho sonhos; também tenho objectivos. E às vezes pergunto a mim mesma: vou conseguir entrar para a faculdade? Vou arranjar um emprego? Vou conseguir editar outro livro até ao fim do 11.º ano? Vou (quem sabe?) rever aquele colega que já não vejo há muito tempo? A resposta é: SIM. E isto porque:

EU QUERO.

CONFORME O TEU DEEJO, ASSIM SERÁ A TUA INTENÇÃO; CONFORME FOR A TUA INTENÇÃO, ASSIM SERÁ A TUA VONTADE; CONFORME FOR A TUA VONTADE, ASSIM SERÁ A TUA ACÇÃO; CONFORME FOR A TUA ACÇÃO, ASSIM SERÁ O TEU DESTINO...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Leitura de uma imagem

É um dia não muito claro, não muito escuro e, na dureza das pedras da rua, inerte e despojado de todo o seu ser, jaz um pássaro morto; insignificante, face às dimensões do cenário onde se insere e, no entanto, durante toda a sua curta vida, foi ele que chegou mais longe…
A ausência de penugem ou carne, os ossos deslocados ou já ausentes, tiram toda a noção de algo tão pequenino se ter atrevido algum dia a cruzar os céus…
Uma asa… há, no entanto, uma asa em falta… e o bico também… pobre, que nem na morte lhes tens direito! Com certeza temem que voes e cantes nas profundezas da inexistência…
O pássaro jaz morto… e, no meio de tudo o que o envolve, jaz, contudo solitário, demasiado pequeno face à rua que lhe serve de repouso…
Talvez tenha sido para não demonstrar a tua pequenez que te deram o direito de voar, um dia… e só isso te torna grande…
Passarinho, olho para mim quando te vejo no meio da rua…. E também me tiraram o direito às asas…
Contudo, entre nós, há uma pequena diferença.
Se a mim, viva, me cortaram as asas e não voo, tu, mesmo na morte e sem uma asa, não careces de voar… por que é na Morte que os pássaros alcançam o Infinito, não obstante a falta de asas…
Se eu na morte alcanço o céu, tu já o alcançaste na vida…
(Ao pardal que, numa tarde de Inverno, enterrei debaixo da cerejeira no meu jardim.)

quinta-feira, 27 de março de 2008

Descrição de uma imagem

A imagem mostra um pássaro azul pousado numa árvore cheia de flores e pequenos frutos. Não está um dia de muito Sol e as cores mais comuns são o verde das folhas, o rosa das flores e o azul do pássaro.
Podemos distinguir três planos, num o pássaro e a árvore em que está pousado em grande plano e, logo a seguir, uma árvore cheia das flores cor-de-rosa. Se formos mais fundo ainda, podemos ver relva e mais árvores cheias de folhas verdes.
Predominam formas circulares, devido às folhas, flores e motivos da penugem do pássaro azul. Salienta-se o contraste entre o azul deste e a cor das flores no plano seguinte.

terça-feira, 25 de março de 2008

Cançoneta


Hoje é o dia mais feliz da minha vida.

Simplesmente...



Simplesmente o Sol luz sobre mim

com luz doirada e quente

e eu apenas vejo cinza e escuridão

não sinto calor, não sinto frio.

Não sinto, nem vejo, nem oiço...



Hoje é o dia mais feliz da minha vida.

Simplesmente...



Simplesmente não sinto as ervas verdes

nem sinto o aroma das flores

e, por entre nuvens de poeira

e fumos negros asfixiantes

não vejo, nem sinto, nem oiço...



Hoje é o dia mais feliz da minha vida.

Simplesmente...



Simplesmente já não oiço o rio a correr

nem oiço a água agitada da corrente

e, com um rio de sangue rubro e borbulhante

com origem num corpo decomposto e mutilado

não vejo, nem sinto, nem oiço...



Hoje é o dia mais feliz da minha vida.

Simplesmente...



Simplesmente hoje é o dia em que morri.

E basta isso para se tornar o dia mais feliz da minha vida...

segunda-feira, 24 de março de 2008

A Lua. Só a Lua. Um disco branco, brilhante no céu. Apenas a Lua. Ornam-na estrelas pálidas, de luz mortiça, difusas, murchas, mortas.

Árvores. Árvores altas, escuras, de troncos nus e escuros. A Lua retalhada pelos galhos das árvores e com um sorriso falso... a Lua, cínica, sorri para as árvores mortas e para o terreno estéril de terra escura e cinza.

Um lago... um lago seco, ou pelo menos, quase, do qual só restavam algumas espinhas de peixes e ossos de animais mortos enterrados na lama borbulhante.

Nos ramos das árvores, ouve-se o piar débil de corujas esqueléticas e desfiguradas e por todo o lado acorrem os animais com o crânio saliente e os dentes dispostos para a frente, irremediavelmente tortos e com os olhos vazios vazios, brilhantes, faiscantes de um vermelho vivo, flamejantes e profundos como a noite. As costelas realçam no dorso magro e quase sem pele. E movem as orelhas em todas as direcções aquando os sons mais esganiçados das corujas e mochos. E rodam a cabeça e soltam sons praticamente inaudíveis, sufocantes, arranhados.

O cavaleiro entra na floresta com o seu cavalo. As pegadas do animal marcam-se no solo lamacento e as suas patas debatem-se por não caírem no fundo dos pântanos escuros.

O cavaleiro tira a flauta do bolso. E começa a tocar.


As árvores arrepiam-se, uivam, abanam-se de desespero e debruçam-se sobre o cavaleiro que toca flauta. Pássaros raquíticos chovem das árvores que continuam a abanar-se, a tentar permanecer mortas e os animais tentam isolar a música com ruídos imperceptíveis.


Mas o cavaleiro continua a tocar e fá-lo cada vez mais forte. A Lua recolhe-se, zanga-se, desaparece num grito desesperado. E as estrelas desaparecem na escuridão do céu nocturno, aos soluços.

O cavaleiro continua a tocar no seu cavalo. Nisto, da terra de cinza e de lama, brota uma erva verde que começa a danbçar ao som da música. Os crânios de animais mortos cerram as mandíbulas. E a planta começa a crescer.

Pelo meio das árvores desesperadas aparece o vulto de uma velha de roupa escura, cabelos brancos compridos e olhos cinzentos. Aproxima-se junto do cavaleiros que toca e estaca à sua frente. E olha a planta, que se vai tornando cada vez maior...

Uma criança maltrapilha, rota, desdentada e com cicatrizes e quase sem cabelo sorri. Deita a língua de fora e ri-se. Também a planta esboça um sorriso. E enrola-se no corpo do cavaleiro, que pára de tocar para que a planta não cresca mais. Mas a velha também tira uma flauta do bolso e começa a tocar a mesma melodia. E a planta, gigantesca, arrasta consigo o cavaleiro para dentro da lama. E o cavaleiro, debatendo-se e gritando, desaparece no solo lamacento...


... Nisto a música cessa. As árvores voltam a morrer; os animais emitem os seus sons inaudíveis e roucos. As estrelas mortas voltam a brilhar no céu com luz murcha; a criança e a velha desaparecem. E a Lua reaparece. E o seu sorriso cínico também...


.. Hoje, a música na flauta ainda se toca: toca-a um vacilante esqueleto com o pouco de carne que lhe resta sentado no cadáver de um avalo. E, sentada numa cadeira de crânios e árvores mortas, a Morte escuta a música com deleite...

terça-feira, 18 de março de 2008


When I was having music lessons, I discovered that French is no more the foreign language we learn at school. Now, students don't have French, but Spanish: they can choose in the beginning of the year. That's because Spanish, for me, is the only language that can compete with English in this time.

Nowadays, learning foreign languages is crucial to have succes in a world dominated by the american technology and science.

Since we were kids we have always had some contact with English on television, radio and games but now that's happening frecuently than before. English is a foreign language that has expanded all over the world and indispensable for people to communicate, because in all countries wherever we go, everybody is able to communicate with you... but in English.

But there are other languages; learning English is not a guarantee of succes. It could be better if we knew other foreign languages, not only because that helps us find a good job, but because learning a language is learning about a culture. That's why learning foreign languages can be a way to fight against som racist and intolerant behaviour and fight for a world with similar opportunities for everybody.

segunda-feira, 17 de março de 2008

"Si todo vuelve a comezar"


Si todo vuelve a comenzar

(José Agustín Goytisolo)


Quiero decirlo ahora

porque so no después las cosas se complican.

Soy peor todavía de lo que muchos creen.

Me gusta justamente el plato que otro come

aburro unas tras otras mis camisas

me encantan los entierros y odio los recitales

duermo como una bestia

deseo que los muebles estén más de mil años

en el mismo lugar

y aunque a escondidas uso tu cepillo de dientes

no quiero que te peines con mi peine.

(...)


Cada vez más pienso como la vida es corta! Tengo casí 16 años! Y no estoy preparada para eso... sólo quería volver atras y empezar todo otra vez, porque no he vivido mucho mi infancia... Tengo sólo 15 años e ya lloro por mi infancia perdida...

Como todas las madres, mi madre no puede ver un chico que conozca, porque empieza dando opiniones tales como: "ese chicoes muy simpáticos, pero es perezoso y un día no va a trabajar, porque bla bla bla..." y no puedo tener amigos, con "-0", porque solo ve bodas en toda parte "cuidado, hija, él no es hombre para el futuro, vas a ser infeliz se te casas con él!" Y tengo sólo 15 aºnos... quiero ver cuando tenga 24...

Yo sé que lla sólo quiere lo mejor para mí, pero yo le digo mismo "no voy a casarme" al que ella contesta "estás diciendo que no me vas a dar nietos?" o "prefiero que seas religiosa a ser soltera, que al menos te casas con Diós!".

Pero la verdad es que la boda no hace parte de mi lista de planes para el futuro. Todo eso es muy bonito, tener compañia para toda la vida (seguro que es toda?) y, lo más importante para mi madre, tener dos sueldos en casa. Pero para qué todo eso? Hoy son poco comunes las personas que se unen por toda la vida y, además (cogendo el ejemplo del poema de J. A. Goytisolo), ya nadie tiene respecto por los otros o piensa en la felicidad de sus compañeros: exigen mucho de ellos para su proprio provecho y cai nada dan... No soportamos la manera de ser del otro y les exigamos que tengan una imágen de ellos idealizada por nosotros... todo gira a nuestra vuelta en una boda y el otro se queda con nosotros porque lo que importa es que esa persona nos guste y no que le guste la manera como la tratamos. Queremos siempre alguién similar a nosotros porque, de ese modo, estará siempre de acuedro con nosotros y cada vez que hablemos nuestro compañero va a decir "Amen, es como dices".

Puedo ser muy pesimista, pero creo que la boda es un acto egoísta de tener algo que nos haga sentir especiales, porque si nos gustamos mismo, no necesitamos que los otros esten siempre diciendo que somos fantásticos, guapos o inteligentes. Es como si necesitasemos tener un admirador personal que nos haga sentir superiores a aquella insignificancia que pensamos tener, muchas veces, con razón.

domingo, 16 de março de 2008

Ilusão


Prostrado em largas horas, descontente
Em tempos, contratempos e outros tais
Mantive-me fiel àquela gente
Que se sabe feita de areias e metais…

Naquela de que existe certamente
(incessante pela busca de sinais
E esperando-os em vão ardentemente)
uma vida de flores e de corais

Mantive-me iludido, pensei ser certo;
Firo-me de morte, então liberto
O meu pesado e frio coração!

Olho langue o céu, é tudo incerto
Jorra o sangue negro do peito aberto
O resto é discórdia… e solidão…

domingo, 2 de março de 2008

O saber não ocupa lugar

Recentemente vi uma fotografia que, devido ao facto de não a encontrar, apresso-me a descrevê-la aqui. Nela, um menino negro esquelético, sem roupa, gatinhava na rua, com uma das mão a agarrar o tornozê-lo de um trauseunte que passava sem sequer olhar para baixo.
E, face a uma fotografia dessas, a gente pergunta onde está a Justiça neste mundo (se quiser ver a minha opinião sobre a Justiça actual, leia o texto de Janeiro "A Justiça -valor universal e intemporal")!

Mas, tal como tudo no mundo (e essa lei, sim, é universal), teve de haver motivos para a existência de alguns casos extremos de pobreza. Creio que estamos todos cheios de ouvir reportagens e palestras sobre estes assuntos, mas ouvir mais uma vez e saber melhor nunca fez mal a ninguém. Por isso, se já acharem que sabem tudo a respeito deste assunto, este texto não é para vós.

Chamamos de países em desenvolvimento ao conjunto de países que se encontram num estado de pobreza. Normalmente, o sector predominante é a agricultura. Isto porque nunca se deve começar a abordar um assunto sem antes se saber bem o que se vai falar.

Hoje vemos inúmeras organizações que pretendem angariar fundos para esses países. Mas eu não concordo, tal como não concordo muito quando se dá por exemplo, dinheiro a um pobre. Isto porque, há muito tempo, li uma frase que dizia assim "Se vires um pobre não lhe dês um peixe; ensina-o a pescar."E isto é verdade. Em vez de darmos dinheiro e fundos, devíamos proporcionar-lhes postos de trabalho, precedidos por alguma educação.

Mas esses países não têm culpa das condições que possuem. E quais as suas origens?

Antes de mais, devo salientar que a desigualdade é um factor que leva à pobreza. Em grande parte dos países em desenvolvimento, a mulher tem apenas funções reprodutivas e domésticas, não dando o seu contributo no desenvolvimento do país. Mas é algo que pode ser corrigido com a educação das novas gerações, visto essa condição da mulher passar de geração em geração, é uma condição tradicionalista.

Aqui nós, os países desenvolvidos, parecemos muito bonzinhos com todos os nosses sistemas de caridade. Mas os culpados da pobreza nos países do Sul somos nós.

Acontece que grande parte desses países foram, em tempos, colónias dos países do Norte durante séculos. Ao começarem a exigir a sua independência e, sendo-lhes dada recentemente, abandonámo-los à sua sorte, tanto que, depois de séculos de dependência, não conseguem desenvolverem-se sozinhos. E no fundo, ficam dependentes na mesma, pelo menos economicamente.

Os países desenvolvidos aproveitam-se da pobreza dos países em desenvolvimento. Estes últimos são os responsáveis pelas matérias-primas que são transformadas nos países desenvolvidos. Então, supostamente, deviam ser ricos...

Mas não são. E isto porque os países desenvolvidos sabem que os países em desenvolvimento darão aos suas matérias-primas a qualquer preço, mesmo não sendo o justo. E vendem-nas a preços irrisórios exigidos pelos países desenvolvidos, que chantageiam amealando não as comprar. Não sei se sabiam esta, mas é verdade, somos uns sacanas!

Outra condicionante da pobreza é a elevada taxa de natalidade. Por exemplo, em muitas tribos africanas, os filhos são vistos como fonte de riqueza, pelo que cada casal tem muitos filhos. Para mais, também há tribos que praticam a poligamia. Devido à elevada taxa de natalidade, a população dos países em desenvolvimento aumenta demasiado para aquilo que eles podem proporcionar, originando fomes. Os motivos que levam às elevadas taxas de natalidade nos países em desenvolvimento são:



  • a elevada taxa de analfabetismo - não tendo, por isso, muitos conhecimentos ao nível do funcionamento do corpo humano e métodos contraceptivos;

  • os filhos são vistos como uma fonte de riqueza;

  • poligamia;

  • funções domésticas da mulher;

  • casamentos precoces - porque, efectivamente, a esperança média de vida é baixa.

Os desastres naturais também dão o seu contributo à pobreza, pois os países em desenvolvimento não têm muitos rendimentos e, em caso de algum desastre, não têm muitos meios para minorar os seus efeitos.


E ainda esqueci de mencionar que, devido à elevada taxa de analfabetismo e não conhecimento de métodos contraceptivos, é fácil a propagação de doenças como a SIDA, esta um dos maiores flagelos a nível de doenças a nível mundial e que poderia ser facilmente evitado. Também devido ao analfabetismo, muitas culturas tentam sobrepôr-se a outras que, no seu ver, estão erradas (vejam-se os casos de terrorismo) e morre sempre muita gente devido à intolerância. Mas a uma intolerância originária de falta de cultura.


Tenho consciencia de que este texto nada vai poder fazer para minorar a pobreza no mundo. Mas, pelo menos, faço o que od países desenvolviedos não fazem, que é consciencializar os países em desenvolvimento para os seus próprios problemas.


Do mesmo modo, também eu vos consciencializo. Sim, é verdade, poderemos pensar "mas eu sou apenas uma gota de água no oceano!". Mas isso depende. Se todos os leitores deste texto se juntassem, já seríamos várias gotas.


Pretendi, com este texto, tentar dar uma luz sobre a realidade dos nossos vizinhos de baixo, os países de Sul, mais conhecidos como países em desenvolvimento (com excepção da Oceânia). Tenho consciência que, na certa, todos vocês, caros leitores, já sabiam do que foi referido acima. Ao invés de me chatear por estar a falar do que já não é novidade, agrada-me o facto de falar de algo que, felizmente, já sabeis. Fico contente e fico ainda mais por aqueles que, mesmo já sabendo, se deram ao trabalho de saber outra vez. Afinal, sejam duas ou três vezes, a certeza que temos é que "o saber não ocupa lugar".

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